Contando 174
quebra-molas – com margem de erro de 3% a mais ou a menos - a partir da Praia
do Forte, você chegará lá, desde que aceite uns bons 32 graus à sombra no
caminho.
Após uma
cidade nova sem grande sedução, seu carro deslizará alegremente no mais verde
do verão sertanejo até mergulhar numa pequena cidade atemporal onde a douceur de vivre elegeu se instalar em
caráter definitivo.
Desativada,
a estação ferroviária virou museu. Lá encontrará o cangaço, Lampião e seu famigerado
bando que a lenda transformou em mito. Fotos, mapas, cartas, armas, objetos do
quotidiano e histórico da ferrovia confirmam a impressão de viagem ao passado
que é a caraterística mor de Piranhas onde não há piranhas. Atravessando a rua
sugiro subir até o primeiro andar pela escada em caracol da Torre do Relógio (1879).
Ponto estratégico para observar o rio São Francisco bebendo um bem-vindo café
express.
Às onze da
manhã, eram onze da manhã em ponto, ou quase, de repente e após os rituais onze
toques, e embora estivéssemos na beira do Parapitinga, a musiqueta do Big Ben nos
transportou até a Londres embrumada do Tâmisa.
Turista
consciente de suas obrigações segue os bons conselhos. Neste caso, os do comunicativo
Celso, dono da Pousada do (en-)Canto onde nos hospedamos. Após admirar os nobres
camaleões da mangueira – que mangas gostosas! - fomos almoçar ao finzinho da
rua, no boteco de Seu Francisco, cuja esposa-cozinheira-estrela é Dona Maizeta.
Sentamos na varanda, o Velho Chico como cenário, e encomendamos uma tilápia
frita.
O resto da
curta visita foi ocupada em subir e descer ladeiras, o olhar sempre atraído por
uma fachada, um detalhe, um sorriso.
Quantos
vilarejos, quantas cidades como a antiga Tapera, depois e por curto tempo
também citada como Marechal Floriano, escondem seus tesouros, entre rios e
matos deste Brasil imenso?
Piranhas
mereceria ser declarada patrimônio mundial pela Unesco. Mas enquanto tivermos
um órgão protetor (sic) como o IPHAN que leva um mês e meio para autorizar a
substituição de uns 30 vidros quebrados na fachada do Museu do Sertão, apesar
do escritório estar a 20 metros, de nada servirão estes prestigiosos títulos.
Resta à
administração municipal elaborar uma campanha para convencer todos os moradores
da importância de seu acervo arquitetural, histórico e humano.
Piranhas esteve ameaçada de submergir em mais uma represa da CHESF e foi salva pelo gongo do IPHAN. Bela crônica de Dimitri.
ResponderExcluirBeleza de texto!
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