quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

ADEUS, EBRU!

 


A advogada curda de Dersim, Ebru Timtik, morreu...

Ontem à tarde ela foi silenciosamente para um quarto do hospital, onde foi transferida da prisão após a deterioração do seu estado.
Partiu o 238o dia de uma greve de fome na qual pediu um julgamento justo em um país, Turquia, onde igualdade e justiça são conceitos inexistentes. Especialmente se for mulher.
Especialmente se você for um advogado especializado em direitos humanos.
Principalmente se você não dobra as costas para um poder que quer calar sua boca.
Assim morreu Ebru Timtik, de fome e injustiça.
Seu coração parou simplesmente porque não tinha nada para bombear em um corpo despojado de fome.
Morreu defendendo seu direito a um julgamento imparcial, após ser condenada a 13 anos, juntamente com outros 18 advogados como ela, presos por terrorismo, apenas por defender outras pessoas acusadas do mesmo crime.
Morreu como Ibrahim e Helin e Mustafa do Grup Yorum, mortos após 300 dias de jejum para combater a mesma acusação.
Morreu lutando com seu corpo, em extremo, uma batalha que na Turquia de Erdogan já não é possível lutar com uma palavra, uma votação, uma manifestação de rua.
Ela morreu como herói, sacrificando sua vida pelos direitos de todos.
Só há um jeito de celebrar a memória dessa grande mulher: não fique calado. Faça a voz dele ir o mais longe possível, onde ela não possa alcançar.
Existem ideias fortes que podem sobreviver até mesmo à morte.
Adeus, Ebru.
Viva Ebru.

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