domingo, 17 de agosto de 2025

A REVELAÇÃO DE UM EXIMIO CRONISTA

 NÃO RESISTO!



Eu não diria que foi uma surpresa, já conhecia algumas de suas crônicas publicadas neste jornal. Lançamento de livros em shoppings centers com filas é um saco.
Mas o lançamento do livro "Minha Vida de Jasmim e outras crônicas", Ed. Azeviche, do escritor, fotografo e marchand Dimitri Ganzelevitch, no último dia 26 de julho, no pequeno anfiteatro de sua casa, no Carmo, debruçada sobre a baía, ao pôr de sol de um sábado, com a dramatização de algumas de suas crônicas pelos atores Marcelo Flores, Rita Rocha e Igor Epifânio, foi um evento lindíssimo, à altura de seu livro.
Dimitri nasceu em Rabat, no Marrocos, descendente de família francesa, por parte de mãe, e de judeus russos, por parte de pai, e adolesceu em Casablanca, Madri, Lisboa, Paris, Londres e viajou por toda Europa, Oriente Médio, África e América Latina para fundear na Bahia em 1975. Essa experiência de vida já dava a ele uma condição especial como escritor. Se juntarmos a isso seu caráter boémio, degustador da culinária, dos vinhos, tequilas e aguardentes locais onde viveu e vagamundeou e sua paixão por descrever essas experiências em seu diário fazem dele um cronista nato. A grande maioria desses textos é inédita e uns poucos foram publicados em jornais. Por isso sempre insisti que ele deveria perenizar suas melhores crônicas em um livro.
Esse é seu primeiro livro de crônicas, selecionadas por ele próprio e pelo cineasta Bernard Attal, comemorativo de seus 50 anos de Bahia e 89 anos de vida, bem vivida, mas que pode se transformar em muitos outros livros com crônicas garimpadas por terceiros. Minha Vida de Jasmim é em parte um livro auto biográfico e de memórias e em parte do tipo On the road do estadunidense Jack Kerouac. Morando no centro histórico de Salvador, ele domina o linguajar baiano como poucos escritores compondo um caleidoscópio de 75 crônicas ao mesmo tempo poéticas e irônicas de vivências internacionais sofisticadas e do cotidiano baiano.
Sua viagem começa na Lisboa de Amália Rodrigues e segue pela Inglaterra, saltando para a Turquia, Egito, França, Síria, Espanha e América Latina até chegar a Bahia. Essa é a grande pergunta de seus amigos e dele próprio. Carybé e Verger foram capturados por Anísio Teixeira. Ele foi capturado ao ouvir um LP de Dorival Caymmi e se encantar com sua música.
Um tio que trabalhava para a ONU no Rio o convidou, em 1971, para participar do carnaval e com uma amiga veio a Salvador e conheceu Caymmi na casa de Jorge Amado. Quatro anos mais tarde resolveu morar na Bahia. A partir desse ponto o livro é uma sequência de encantamentos com a flora e a fauna local e de episódios hilários vividos por ele na Bahia. Esse estranhamento da cultura local faz dele um revelador de facetas que nós mesmos desconhecíamos, narradas de forma coloquial e leve.
SSA: A Tarde, 17/08/2025

Boa-tarde, caro confrade, urbanista e cronista Paulo Ormindo.
Parabéns, por mais esta bela crônica, referente no específico ao livro de crônicas de Dimitri Ganzelevitch, que recebi com uma honrosa dedicatória, ao qual dediquei obrigatória leitura, que me deixou encantado desde a primeira das evocativas narrações, desse, que considero o estrangeiro mais baiano de que muitos baianos aqui nascidos e viventes, amantes do acarajé. 
Viva! Por seu nobre intermédio, envio meus parabéns ao cordial e baianíssimo Dimitri.
Fraternal abraço.
Florisvaldo Mattos

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