segunda-feira, 29 de setembro de 2025

ARTIGO DIFICIL DE COPIAR/COLAR...

...E MUITO MAIS DE ENGOLIR

Em meio à polêmica com governo da Bahia, 

acervo de Frans Krajcberg recebe doação milionária do BNDES



O governo baiano recebe verba do BNDES para preservar o acervo de Frans Krajcberg, artista polonês que doou suas obras em 2009  |   Bnews - Divulgação Camila Maia / Divulgação


O acervo do pintor, escultor, fotógrafo e ambientalista polonês Frans Krajcberg recebeu uma quantia de mais de R$ 2,6 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para auxiliar na sua conservação e salvaguarda. As obras foram doadas por ele ao governo da Bahia ainda em 2009, durante o governo de Jaques Wagner (PT).

Krajcberg
Krajcberg ao lado de Wagner | Foto: Raul Golinelli / GOVBA

O desejo de Krajcberg era que seu acervo de mais de 660 peças — divididas entre esculturas, relevos, desenhos, fotografias e filmes — fosse abrigado em um museu, que levaria seu nome, a ser criado pelo governo baiano. A ideia inicial era que ele fosse construído no Sítio Natura, Nova Viçosa, no Sul da Bahia, onde o artista era radicado.



No entanto, a gestão estadual descumpriu a promessa. Em janeiro, a BNews Premium revelou que, mesmo após 16 anos, o museu ainda não saiu do papel — e sequer tinha data para começar a ser erguido. Desde de 2022, as obras estão sendo abrigadas no Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador. 

Doação milionária

A doação de R$ 2.622.738,00 foi viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Ministério da Cultura (MinC). O acervo de Frans Krajcberg está sendo mantido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA), que firmou um Termo de Cooperação com o Instituto Pedra.

Frans Krajcberg
Frans Krajcberg | Foto: Walter Salles

Por meio de nota encaminhada ao BNews, o Ipac ressaltou que o projeto prevê a adaptação do espaço de salvaguarda das obras de Krajcberg, com intervenções de iluminação técnica e cênica, organização espacial e comunicação visual, de modo a receber visitantes e ampliar o acesso da população ao acervo do artista.

O Ipac será responsável por todo o processo de acompanhamento técnico das ações, que vão desde medidas de conservação até a realização de programas de educação patrimonial com a participação da comunidade local.

  • a transferência de 21 obras do Sítio Natura, em Nova Viçosa, para o Museu do Recôncavo Wanderley Pinho;
  • além da continuidade do processo de acondicionamento, com a aquisição de materiais neutros e mobiliário adequado, equipamentos de monitoramento de umidade e temperatura, desumidificadores e insumos para dedetização.
Krajcberg
Krajcberg em sua casa em Nova Viçosa | Foto: Reprodução / Revista Prosa Verso e Arte

Quem foi Frans Krajcberg 

Frans Krajcberg nasceu em 12 de abril de 1921 na Polônia, em Kozienicé, uma pequena cidade localizada a cerca de 210 km ao sul de Varsóvia. Vindo de uma família judia, modesta e numerosa — cinco irmãos —, o seu pai era vendedor de sapatos e sua mãe, Bina Krajcberg, uma conhecida ativista comunista dentro do partido polonês.

Na década de 1930, o Partido Comunista e os livros considerados tendenciosos foram proibidos na Polônia. Frequentemente presa, Bina liderava uma luta inabalável contra o nazismo e foi enforcada em 1939, quando a Segunda Guerra Mundial teve início. 

Devido a isso, Frans Krajcberg buscou refúgio na União Soviética, onde estudou engenharia e artes na Universidade de Leningrado. Ao final da Segunda Guerra, ele chegou a morar na Alemanha prosseguindo seus estudos na Academia de Belas Artes de Stuttgart.

Chegou ao Brasil em 1948, vindo a participar da primeira Bienal de São Paulo, em 1951. Ele ficou anos morando entre as cidades de Paris, Ibiza e Rio de Janeiro, até que seu amigo, José Zanini Caldas, lhe falou sobre a pequena aldeia de Nova Viçosa, no Sul da Bahia, em 1965.

Krajcberg
Casa na árvore de Frans Krajcberg | Foto: Conexão Planeta

Porém, somente lá em 1972 que o artista plástico se muda para o município baiano, onde se radicou, após uma vida permeada pela produção e participação da cena artística em diversas localidades, incluindo Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.

Krajcberg ficou conhecido como o artista que adotou a floresta brasileira por ter sido capaz de unir arte e meio ambiente num trabalho que foi além do encantamento. No Brasil, elaborou 11 manifestos nacionais, mais de 50 gritos públicos e publicou 14 livros

Durante a carreira, Krajcberg participou de 206 exposições coletivas entre 1950 a 2016 em 33 países, promoveu 92 exposições individuais entre 1945 a 2012 em 28 países e recebeu mais de dois mil prêmios.

Ele morreu no dia 15 de novembro de 2017, aos 96 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Na época, a família não permitiu a divulgação da causa da morte. Krajcberg foi sepultado em Nova Viçosa e suas cinzas estão ao pé da árvore que considerava sua melhor amiga e que fotografou diariamente durante anos.

Jornalista formado pelo Centro Universitário UniFTC. Possui experiência em rádio, com passagens pela Rádio Sociedade — onde iniciou sua trajetória ainda em 2020 como estagiário — e BandNews FM. Começou a cobrir Política e Cidades no Bahia Notícias em 2023. Chegou ao BNews em meados de 2024 e, atualmente, integra a editoria BNews Premium, que possui foco em jornalismo investigativo e matérias especiais. Apesar disso, segue na cobertura política e jornalismo de Cidades.

 

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