terça-feira, 2 de abril de 2019

O CAÇADOR DE BORBOLETAS

O COLECIONADOR

Depois de uma vida dedicada às mariposas, Vitor Becker põe em prática seu ambientalismo antiutilitário

BERNARDO ESTEVES

N o final de junho, um casal de australianos acompanhado do filho visitou o entomólogo Vitor Becker em sua propriedade na Serra Bonita, ao sul da Bahia, numa área preservada da Mata Atlântica. Em sua pousada, Becker costuma receber observadores de aves, ecoturistas e pesquisadores. O australiano, especialista em répteis, aproveitou uma viagem à América do Sul para mostrar à família a reserva que conhecera alguns anos antes. O anfitrião deixou para o último dia a cereja do bolo: o tour guiado da coleção de mariposas que ele vem acumulando nos últimos cinquenta anos.
Becker desceu um lance de escadas e acompanhou os hóspedes até uma sala sem janelas com cerca de 40 metros quadrados, onde se acomodam seis fileiras de armários de cedro com gavetas de alto a baixo. “Tenho cerca de 300 mil espécimes, representando 30 mil espécies diferentes”, informou o pesquisador, destacando que outras 20 mil mariposas suas estão emprestadas a colegas e instituições. Foram todas coletadas por ele no continente americano, do Rio Grande do Sul até o sul dos Estados Unidos. Metade do acervo vem do Brasil, e o resto, de países como Peru, Equador, México e Cuba, além de outras ilhas caribenhas e de praticamente toda a América Central.

A coleção de Becker é abrigada em 1 600 gavetas, algumas com centenas de espécimes. As mariposas são dispostas com as asas abertas, presas por alfinetes no centro do tórax, e são distribuídas em pequenas caixas de papelão, cada uma com insetos de uma espécie diferente. Sob cada indivíduo há uma etiqueta impressa com tipos miúdos que registram o nome científico, o local e a data da captura do espécime.
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