Assisti há poucos dias a uma live sobre o centro histórico de Salvador. Me deixou profundamente irritado pelo baixo nível das abordagens. Que trinta anos após a restauração de parte do CH a toque de caixa e de qualquer jeito pela Conder – sempre ela – ainda se fale na capacitação dos ambulantes como solução para todos os males, francamente, não dá mais. Precisamos pensar o CH para o soteropolitano e não para o turista e o fato do CH não estar integrado ao resto da cidade não é mera questão de vendedores de fitinhas. A irritação me deixou acordado até tarde. Acabei desenvolvendo um projeto que talvez não seja mais que divagação de uma noite de chuva.
Pegue, por
favor, um mapa do Centro Antigo/Comércio. Com um lápis de cor, delimite uma
área começando no Cine-Teatro Jandaia, suba pela ladeira do Carmo até a Cruz do
Pascoal, desça pelas traseiras do Convento do Carmo e feche novamente no
Jandaia. Pulando para a cidade baixa, defina outro espaço contendo o Mercado do
Ouro, o Trapiche Barnabé e a Igreja do Pilar. Ambos espaços são interligados
pelo plano inclinado do Pilar. Que tal agora usar a imaginação para transformar
as duas bolhas?
A peça-chave
de minha proposta é o Convento do Carmo. Como hotel é um elefante branco há
meio século. Nunca funcionou. Melhor dar outra orientação ao belo monumento pré-barroco.
Vejo o Convento como uma sucursal do Museu de Arte Moderna, onde poderia estar
exposta em permanência a rica coleção de arte, sempre escondida longe do
público. Os dois pátios seriam cobertos por algum tipo de telhado de vidro para
maior aproveitamento dos espaços. Alojamento para conferencistas, professores e
artistas convidados, banco de dados, biblioteca, um bom restaurante, cafeteria,
cinema e auditório transformariam o edifício ocioso em centro de referência
para toda a cidade. No Jandaia finalmente salvo, algo como uma Catedral do
Samba, entre memória e entretenimento.
Quanto à
área do Pilar, além do importante projeto audiovisual no Trapiche Barnabé, que
está sendo reabilitando lentamente sem o mínimo apoio oficial, está na hora de
socorrer o tão maltratado Mercado do Ouro antes que desapareça por completo.
Juntando as
duas partes de minha divagação, uma escada rolante a funcionar sete dias por
semana no lugar do aleatório plano inclinado do Pilar. Ainda resta criar amplos
estacionamentos tanto no Pilar como no Carmo/Baixa dos Sapateiros. E lembrar a
prefeitura de que, em matéria de transporte público - público mesmo; chega de
empresas privadas - a única solução é a excelência...
Enfim, para idealizar
o projeto, por favor, nada de arquiteto colunável apadrinhado como é de praxe,
mas um concurso a nível nacional senão internacional. Ou será que Salvador não
merece?
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