Seis anos após morte de ialorixá, Bahia tem 1ª condenação por racismo religioso
Conforme o G1 Bahia, a sentença foi publicada na segunda-feira (07/06) e a mulher terá que prestar serviços à comunidade, além de ter que se apresentar mensalmente à Justiça.
Edneide gritava insultos como “sai, satanás” e jogava sal grosso em frente ao terreiro de candomblé. Edneide faz parte da Igreja Casa de Oração Ministério de Cristo, que fica em frente ao terreiro.
Ainda segundo a publicação, a atual ialorixá da Casa, Mary Antônia Monteiro, filha de criação da vítima, lembrou que os ataques “contribuíram muito” com a perda, já que a vítima estava doente. “Ainda pedir que eles fizessem o evangelismo deles, mas que tivessem o horário. Eles não respeitaram, era a noite toda. Na véspera dela falecer, foi sábado, a noite toda. Amanheceram o dia com a vigília”, relembrou.
“Minha mãe nunca se viu com um problema desse. Em frente à roça, a igreja abriu e daí para cá era muito sotaque [insulto], jogavam sal nas portas, dançavam aqui na frente do terreiro”, acrescentou Mary Antônia.
“Foi um processo muito doloroso, em meio às delegacias, a gente ter que estar debatendo com eles em meio a esses órgãos, e a gente via a impunidade. Infelizmente, até então, seis anos, a gente via a impunidade. Nós levamos vários tipos de provas, filmagens”, afirma uma das abiãs do Terreiro Oyá Denã, Paula Nascimento, que acompanhou todo o processo de denúncia do caso à polícia.
“Eram noites e mais noites de vigília na rua, em frente à nossa roça, muitos dizeres deles de ‘sai, satanás’, que eles iriam vencer, que a gente iria sair daqui”, conta Paula Nascimento.
O promotor de Justiça Edvaldo Vivas Gomes, disse à TV Bahia que essa condenação, apesar de ser tardia e a primeira, tem que ser celebrada, para lembrar à sociedade que os crimes de racismo são imprescritíveis, ou seja não devem ficar se uma resposta legal, independente do tempo.
“Esse tipo de vitória a gente sempre tem que celebrar, porque por mais que os crimes de racismo sejam imprescritíveis, as condenações demoram muito de chegar. Então a gente tem que comemorar mesmo, para que cada vez mais a gente possa estar efetivamente dando cabo desse tipo de problema, e garantindo efetividade para que essas discriminações possam acabar de vez nesse país e no estado da Bahia”, finalizou Gomes.
O desembargador Lidivaldo Britto avalia que essa condenação é simbólica, porque é a primeira condenação por racismo religioso na Bahia.
“É um caso emblemático, porque é a primeira vez que um crime de intolerância religiosa tem uma condenação da primeira instância e tem uma confirmação da condenação na segunda instância do Tribunal de Justiça. É um caso onde o tribunal demonstra para a sociedade que esse crime é punível e que, quem cometer esse crime, vai ser responsabilizado e sancionado”, concluiu Britto.
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