quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

FAVELA

 MAS ... VOCE SABE O QUE SIGNIFICA VERDADEIRAMENTE "FAVELA" ?

Claudio Prado De Mello



A origem do termo em português brasileiro favela surge principalmente no episódio histórico conhecido por Guerra de Canudos, no século XIX.
A cidadela de Canudos foi construída junto a alguns morros, entre eles o Morro da Favela, assim batizado em virtude da profusão da planta Cnidoscolus quercifolius (popularmente chamada de favela por produzir um semente leguminosa em forma de favo) que encobria a região.


Alguns dos soldados que foram para a guerra, ao regressarem ao Rio de Janeiro em 1897, deixaram de receber o soldo, instalando-se em construções provisórias erigidas sobre o Morro da Providência. O local passou então a ser designado popularmente Morro da Favela, em referência à "favela" original.


O nome favela ficou conhecido e na década de 1920, as habitações improvisadas, sem infraestrutura, que ocupavam os morros passaram a ser chamadas de favelas


De fato, a FAVELA é o arbusto ou árvore ( Jatropha phyllacantha ) da família das euforbiáceas, que ocorre no Brasil (N.E. e S.E.), de ramos lenhosos, folhas repandas ou sinuosas e denteadas, flores brancas, em cimeiras, e cápsulas escuras, verrucosas, com sementes oleaginosas e de que se faz farinha rica em proteínas e sais minerais; faveleira, faveleiro, mandioca-brava.
MAS ... AS FAVELAS SURGIRAM NO BRASIL ?



NAO !!! Favelas eram comuns nos Estados Unidos e na Europa antes do início do século XX.


Em 1825, foi criada na cidade de Nova Iorque a favela de Five Points, que se acredita ter sido o primeiro assentamento urbano informal do tipo no mundo. A favela ficava onde anteriormente existia um lago poluído chamado Collect.
Five Points foi ocupada por sucessivas ondas de escravos libertos e depois por imigrantes italianos, chineses e irlandeses. O local era o lar de pessoas pobres, famílias rurais que migravam para a cidade e de povos perseguidos na Europa que chegavam a Nova Iorque. Bares, bordéis, cortiços miseráveis ​​e sem luz forravam suas ruas. A violência e o crime eram cotidianos. Hoje, o local da antiga favela transformou-se no bairro de Little Italy e Chinatown. Five Points não foi a única favela dos Estados Unidos. Jacob Riis, Walker Evans, Lewis Hine e outros fotografaram assentamentos informais desse tipo muitos antes da Segunda Guerra Mundial e favelas eram encontradas em todas as grandes regiões urbanas do país no início do século XX, antes e durante a Grande Depressão .
Na Europa, as favelas também eram comuns. Em 1850, o cardeal católico Wiseman descreveu a área conhecida como Devil's Acre em Westminster, Londres, como segue:
"Próximo à Abadia de Westminster há labirintos escondidos de travessas e penicos, becos e vielas, ninhos de ignorância, vício, depravação e crime, bem como de imundice, miséria e doença; cuja atmosfera é tifo, cuja ventilação é cólera…"


Favelas são frequentemente associadas com a Grã-Bretanha vitoriana, particularmente com as cidades industriais do norte inglês, além de cidades escocesas e Dublin, na Irlanda.
Engels descreveu esses bairros britânicos como "galpões de gado para seres humanos". Estas comunidades pobres ainda foram habitadas até a década de 1940, quando o governo britânico começou um processo de remoção de favelas e construiu novas moradias sociais, conhecidas como council house.

Na França, as favelas eram generalizadas em Paris e em todas as áreas urbanas francesas do século XIX, sendo que muitas continuaram habitadas até a primeira metade do século XX.
A primeira epidemia de cólera, em 1832, desencadeou um debate político e o estudo de Louis René Villermé sobre vários arrondissements parisienses demonstrou as diferenças e as conexões entre as favelas, a pobreza e a falta de saúde.
Na década de 1950, a França lançou a iniciativa Habitation à Loyer Modéré para financiar e construir habitações sociais e remover favelas.
Na cidade do Rio de Janeiro, as favelas tiveram origem em meados do século XIX. Transformações sociais desencadeadas por fenômenos como a decadência da produção cafeeira no Vale do Paraíba, doenças como a febre amarela, a abolição da escravidão e o início do desenvolvimento industrial no país, trouxeram muitos ex-escravos e europeus, especialmente portugueses, para a então capital do Brasil.
O grande crescimento demográfico da cidade inchou sua área central, que tradicionalmente concentrava vários cortiços. O então prefeito da cidade, Cândido Barata Ribeiro, iniciou a perseguição a esse tipo de moradia, o que culminou, em 1893, na demolição do cortiço "Cabeça de Porco". Todo o processo de despejo desalojou cerca de 2 mil pessoas e um grupo de ex-moradores do cortiço conseguiu permissão para construir suas casas no Morro da Providência. Outro grupo de soldados que lutaram contra a Revolta da Armada recebeu permissão para construir moradias sobre o Morro de Santo Antônio, dando início aos primeiros aglomerados que mais tarde seriam chamados de "favelas".
Em 1897, cerca de 20 mil soldados que haviam retornado ao Rio de Janeiro após a Guerra de Canudos, na província oriental da Bahia, começaram a morar no já habitado Morro da Providência.
O bota-abaixo de Pereira Passos no inicio de seculo xx contribuiu enormemente para o crescimento das favelas.


A cidade do Rio de Janeiro documentou a sua primeira favela no censo de 1920.
Por volta dos anos 1960, mais de 33% da população do Rio, 45% da população da Cidade do México e de Ancara, 65% da de Argel, 35% da de Caracas, 25% dos habitantes de Lima e Santiago e 15% dos de Singapura viviam em favelas.
Nos anos 1980, havia cerca de 25 mil favelas em diferentes países da América Latina.
O termo "aglomerado subnormal", antes conhecido como Zonas Especiais de Interesse Social, passou a ser utilizado pelo IBGE desde 2010, para designar um conjunto constituído por no mínimo 51 unidades habitacionais (barracos, casas, etc.), ocupando ou tendo ocupado até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular), dispostas, em geral, de forma desordenada e densa; carentes, em sua maioria, de serviços públicos e essenciais.
De acordo com o IBGE, aglomerados subnormais podem se enquadrar, observados os critérios de padrões de urbanização e/ou de precariedade de serviços públicos essenciais, nas seguintes categorias: invasão, loteamento irregular ou clandestino, e áreas invadidas e loteamentos irregulares e clandestinos regularizados em período recente.

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