domingo, 31 de agosto de 2025

ALFONSO XIII E O CINEMA PORNÔ



Que Alfonso XIII da Espanha herdou todo o fogo e a sensualidade de seus ancestrais Bourbons é um fato notório, mas pouco conhecido é o incentivo que ele deu ao cinema pornográfico na Espanha durante o seu reinado, algo que ele simplesmente adorava. Alfonso era um homem bastante liberal e seus pontos de vista a respeito da sexualidade, no início do século XX, fizeram com que ele fosse chamado de imoral.

Por meio da intermediação do Conde de Romanones, Alfonso XIII patrocinou os irmãos cineastas Ricardo e Ramón Baños na produção de vários filmes de conteúdo pornográfico entre os anos de 1915 e 1925. Os filmes produzidos pelos irmãos Baños foram os primeiros do gênero na Espanha e suas filmagens ocorreram no bairro chinês de Barcelona.
Os mais famosos destes filmes (“O Confessor”, “Clínica de Senhoras” e “O Ministro”) tiveram seus roteiros escritos pelo próprio Alfonso XIII, que supervisionou de perto as produções. O primeiro deles tem como personagem principal um padre que conforta suas paroquianas de um jeito bastante peculiar. O segundo conta a história de um médico que adora examinar suas pacientes muito bem. E o terceiro tem no enredo uma esposa que vai implorar ao patrão do marido que não o demita, oferecendo ao chefe alguns favores para convencê-lo.
Tais filmes permaneceram ocultos por muitas décadas, até que foram encontrados em um convento de Valência, mais de 70 anos após serem produzidos. Devidamente restaurados, atualmente se encontram na filmoteca daquela cidade.

MENOS UM!

 

Administradora de megaempreendimento em Boipeba comunica saída “amigável” de José Roberto Marinho

Por Leonardo Almeida

Administradora de megaempreendimento em Boipeba comunica saída “amigável” de José Roberto Marinho
Foto: Reprodução / Bahia Terra

 

O empresário e herdeiro do Grupo Globo, José Roberto Marinho, oficializou sua saída da empresa Mangaba Cultivo de Coco, que é responsável por um megaempreendimento na Ilha de Boibepa, localizado no município de Cairu. Em nota enviada à imprensa nesta sexta-feira (29), a companhia comunicou a saída “amigável” do empresário para focar em “projetos pessoais”.

 

Assim, José Roberto Marinho também deixa a administração da propriedade “Fazenda Ponta dos Castelhanos”, que levantou polêmica por supostamente ocupar 20% da Ilha de Boipeba. Agora a empresa seguirá sendo comandada pelo empresário A empresa segue sob a administração de Marcelo Pradez de Faria Stallone.

 

“A saída de José Roberto Marinho, Presidente da Fundação Roberto Marinho e Vice-Presidente do Conselho do Grupo Globo, ocorre de forma amigável e consensual, para que ele possa se dedicar integralmente a seus projetos e interesses pessoais. A empresa segue sob a administração de Marcelo Pradez de Faria Stallone, reafirmando seu compromisso de colaboração com os órgãos públicos, parceiros e a comunidade em que estamos inseridos, diz o comunicado.

 

Desde o seu anúncio, a construção do resort de luxo da Mangaba levantou críticas em diferentes setores. O projeto chegou a sofrer uma intervenção do governo federal que determinou a suspensão da autorização do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) para a construção do megaempreendimento.

 

O projeto em si previa uma ocupação de mais de 16 milhões de metros quadrados, o que equivale a cerca de 20% da Ilha de Boipeba. Em 2023, o Bahia Notícias obteve acesso à planta de construção e constatou também a previsão de obras para a elaboração de até dois campos de golfe, além de um aeródromo, com uma pista de pouso de 1200 metros, para receber aviões de pequeno porte.

 

Na hotelaria do empreendimento, há a construção do “Hotel de Praia”, também chamado de “Pousada 03”, que ficaria entre a foz do Rio Catu e o mar, na região em que, de acordo com o projeto, estariam as praias mais belas, com profundidade para banho e próxima aos recifes.

 

Nesta parte do projeto, há uma grande preocupação ambiental: a “Pousada 03” está prevista para um local de desova de tartarugas marinhas, já com acompanhamento do Projeto Tamar, e que tem a previsão de instalação de uma base de pesquisa, proteção e educação.

 

A informação, portanto, havia sido negada pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia (Sema) em entrevista realizada para o Bahia Notícias no dia 16 de março. Na ocasião, o chefe de gabinete da Sema, André Ferraro, afirmou que a construção não se tratava de um “condomínio fechado”, além de que não seriam construídos os campos de golfe e o aeródromo.

 

Em nota, o Inema prezou pela legalidade da construção e afirmou que a autorização pelo órgão foi expedida seguindo orientações do Código Florestal e da Lei da Mata Atlântica. Além disso, o instituto afirmou que a licença concedida já havia restrição ao início de quaisquer intervenções até que fosse emitido o termo autorização de uso sustentável.

UMA QUIMERA PEÇONHENTA

 As etapas de criação de

uma quimera peçonhenta

Paulo Ormindo de Azevedo

Diante da ação do Ministério Público Federal de abrir a discussão sobre os impactos da ponte SSA-Itaparica atendendo a um pedido da população da ilha e da intenção do ciber-grupo Kirimurê de fazer o mesmo com relação aos impactos sobre Salvador, a diretoria do consórcio chinês deflagrou uma campanha publicitária nos jornais que exige esclarecimentos.
O projeto de ligação São Joaquim-Bom Despacho, de 1969, caducou há décadas devido à triplicação da população da cidade, ao advento do transporte de massa e desarticulação com outros projetos viários como a ligação ferroviária Salvador-Feira. Esta via pode ter uma variante rodoferroviária paisagística envolvendo a BTS chegando a Itaparica pela contra costa, se articulando com a Fiol e transformando a BTS no terminal da ferrovia bioceânica e a Bahia numa Singapura do Atlântico Sul.
Dizer que essa ponte, por onde vão passar 150 mil veículos/dia como a Rio-Niterói, de igual gabarito, não vai impactar Salvador é negar a atratividade da Linha Verde (BA-099) na ligação Sudeste-Nordeste e Sertão/praias/aeroporto. A Via Expressa, a Av. Paralela e a Estrada do Coco vão colapsar e provocar um caos urbano.
Afirmar que ela vai desenvolver a RMS (A Tarde, 21/7/25 e 14/8/25) é outra falácia. Ela vai marginalizar toda a banda leste da baía, a própria RMS com seus portos, centros industriais e potencial turístico histórico e náutico.
A primeira etapa dessa ponte vai destruir com seu canteiro de obras grande parte da feira de São Joaquim, último reduto de venda de produtos afro-baianos, e transformar a Soledade num formigueiro com mais dois túneis. A segunda etapa é a própria ponte com seus dois pilares mais altos e pesados no ponto mais frágil da falha geológica de Salvador exigindo estacas de 200m sujeitas a reajustes. A terceira etapa é uma via expressa de 30 km cortando a ilha ao meio e dificultando o acesso da população de pescadores, marisqueiras e do candomblé às praias da baía. A última etapa desse projeto é o afunilamento dessa via para se enfiar na pinguela do Funil.
Ponte que vai dificultar o funcionamento do porto de Salvador exigindo dragagens, sem área de fuga em caso de intempéries, e garrotear os portos internos da BTS: Aratu, Temadre, Estação de Regaseificação e Estaleiro da Enseada, que já parou com o anúncio da ponte.
PPP é aquele truque que uma administração inaugura uma obra política e deixa a conta para ser paga pelas administrações futuras. O exemplo disso é a Arena da Fonte Nova. Quanto teremos de pagar anualmente de pedágio não recolhido nessa ponte que só é alimentada pela pinguela do Funil? É o tarifaço de Xi Jinping que se soma ao de Trump aos baianos.
Ponte torta, assimétrica, que macaqueia um ferry-boat falido, e vai enfear uma das cidades e baías mais belas do mundo. Triste Bahia, Gregório de Matos tinham razão!
SSA: A Tarde, 31/08/2025

SERÁ QUE NA BAHIA...

 ... ISSO NUNCA ACONTECE?


TCU manda cineasta do ES e empresa devolver R$ 1,6 milhão por filme não concluído

A produção, baseada na obra de Machado de Assis, chegou a ter cenas gravadas em Vitória, mas não foi concluída





Um cineasta do Espírito Santo e a empresa da qual é sócio foram condenados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por irregularidades na prestação de contas de gastos com a produção de um filme com recurso público pela Lei do Audiovisual.


O longa do diretor Sérgio de Araújo Medeiros começou a ser gravado em 2019, mas não foi concluído. A produção baseada na obra de Machado de Assis teria a participação da atriz Nicette Bruno, que morreu em dezembro de 2020, e chegou a ter cenas gravadas em Vitória.

A ação foi movida pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). O relator do caso no TCU, ministro Benjamin Zymler, analisou “a culpabilidade, a validade das notificações e a não ocorrência da prescrição”.

A decisão tomada pela 1ª Câmara da Corte, em sessão realizada em 26 de agosto, obriga o diretor e a empresa a pagar cerca de R$ 1,6 milhão. A reportagem tenta contato com a defesa dos envolvidos. O espaço segue aberto para manifestação.

Entenda irregularidades na produção do filme Helena

O caso envolve o projeto de produção do longa-metragem “Helena“. A empresa havia sido autorizada pela Ancine a captar até R$ 999 mil para o desenvolvimento do filme. Ao todo, foram levantados R$ 484,7 mil.

O prazo para execução terminou em 2022, mas a obra não foi concluída e nem houve prestação de contas. Segundo o relator, a empresa e o dirigente foram regularmente notificados, mas não apresentaram defesa.

Para o tribunal, houve “grave inobservância de dever de cuidado no trato com a coisa pública, isto é, ato praticado com culpa grave, pois, na espécie, a conduta do responsável se distancia daquela que seria esperada de um administrador público”, uma vez que cabia aos gestores comprovar o uso adequado dos recursos.

O TCU destacou que o não cumprimento da obrigação legal compromete a transparência na gestão cultural e impede a verificação do efetivo emprego do dinheiro público. O órgão também afastou a possibilidade de prescrição, já que diversos atos processuais interromperam os prazos legais.

Com a decisão, a produtora RMS Produções Cinematográficas e Sérgio de Araújo Medeiros foram condenados, de forma solidária, a devolver R$ 1,22 milhão (valor atualizado com juros e correção) ao Fundo Nacional de Cultura. Além disso, cada um deverá pagar uma multa de R$ 220 mil.

O acórdão também prevê que, em caso de não pagamento, a dívida poderá ser cobrada judicialmente. Os responsáveis terão ainda a possibilidade de solicitar parcelamento em até 36 vezes.


sábado, 30 de agosto de 2025

LISURA PARLAMENTAR

 


BLINDAGEM



Merval Pereira em Passado, volver! O que os parlamentares querem agora é uma blindagem mais completa. Montaram uma legislação que dará condições a que nenhum deles seja sequer processado, quanto mais condenado.
Em meio a uma das maiores crises políticas que o país já viveu, um grupo majoritário de parlamentares, sem que se possa dizer ser formado apenas por representantes da direita e do Centrão — a votação mostrará a cara da esquerda —, está empenhado em salvar a própria pele. Desmoralizando o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, que desmentiu o fato por três semanas, conseguiram programar para votação a mudança do foro privilegiado e os critérios para que sejam processados criminalmente.
Combinados, os dois projetos blindam os parlamentares, que dificilmente serão processados, pois a decisão final dependerá de autorização de seus pares. Se forem, terão foro privilegiado desde a primeira instância, podendo chegar ao Supremo depois de uma série de recursos, restando ainda um último apelo, ao plenário do STF, se condenados nas Turmas. A negociação do texto final entrou noite adentro, sem que a opinião pública soubesse os detalhes negociados.
O foro dos parlamentares muda de acordo com a conveniência. Passou a ser no Supremo porque alegava-se que aquela Corte seria infensa a decisões políticas, ao contrário de instâncias inferiores, sujeitas a injunções políticas regionais. Durante anos o Supremo condenou apenas um deputado, até que veio o mensalão, e a coisa começou a mudar. O então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tentou de todas as maneiras mandar à primeira instância o processo do mensalão. Foi barrado pelo então ministro Joaquim Barbosa, relator da causa. Ele alegou que todos os crimes eram conexos entre si e, se desmembrados, os ministros do Supremo e os juízes de instâncias inferiores não teriam clareza sobre o conjunto da obra.
Já naquela altura havia a compreensão dos políticos de que haviam se encerrado os tempos de bonança, em que o Supremo não punia políticos. Não foi possível colocar o então presidente Lula na cadeia de comando do mensalão, porque ele se anunciou como traído por seus colegas petistas, pediu desculpas ao povo brasileiro e ainda tinha bastante prestígio popular, tanto que foi reeleito. O então todo-poderoso José Dirceu, chefe da Casa Civil, foi o escolhido para bode expiatório e assumiu todas as culpas pela organização do esquema. Não que fosse inocente, mas não era o principal orquestrador do esquema.
Lula só seria responsabilizado no caso do petrolão, quando a Operação Lava-Jato desvelou o maior escândalo de corrupção já acontecido no país. Ficou preso 580 dias, até que o Supremo, depois de muitas idas e vindas de ministros, que votaram e mudaram de voto diversas vezes durante sete anos, considerou inconstitucional a prisão em segunda instância e, depois, classificou o então juiz Sergio Moro como parcial, anulando todos os processos contra Lula. A Lava-Jato foi desmantelada a canetadas pelo Supremo. Recentemente todos os condenados que restavam foram soltos, e as penas comutadas por diversas tecnicalidades, sem que ninguém fosse absolvido de seus crimes.
O que os parlamentares querem agora é uma blindagem mais completa. Montaram uma legislação que dará condições a que nenhum deles seja sequer processado, quanto mais condenado. Na época do mensalão, havia a sensação de que havíamos avançado no combate à corrupção. Mas quem conhece bem os meandros da política brasileira é o ex-senador e atual lobista Romero Jucá, que armou a solução do imbróglio político com um acordo para “estancar a sangria”, que incluía até o STF. Tudo aconteceu como ele previa, e estamos agora na fase dois, em que não haverá nem mesmo processo.