Helington
Rangel
Professor universitário,
economista e jornalista.
No
pequeno intervalo de três meses, o reitor da Universidade Estadual de Feira de
Santana, Evandro do Nascimento Silva, já encaminhou uma solução atabalhoada para
um problema só vislumbrado por ele: com o arroubo dos
ditadores, desmantelou, sem estudo técnico, o transporte rodoviário gratuito
dos professores entre Salvador e o campus, conservado há décadas.
Como fundação pública e
autonomia administrativa, o primeiro reitor e um dos criadores da UEFS,
Professor Geraldo Leite, montou um sistema de condução dos docentes, período
noturno, a bordo de um Opala, atendendo a reduzida demanda. Com a expansão própria
da natureza acadêmica, o deslocamento foi transferido para um micro-ônibus,
doado por organismo público – e finalmente o ônibus de frota privada assumiu a
transposição definitiva, diminuindo
custos, economizando recursos e desburocratizando a administração.
Na última governança de Antonio Carlos Magalhães, a UEFS foi
transfigurada de fundação para autarquia, engenharia jurídica que permite a
autogerência, mas nega capacidade para guiar-se pelos próprios meios. A partir
daí, a UEFS tornou-se terreno fértil para demagogos e espaço inóspito à
meritocracia.
Há longo tempo,
assiste-se na Bahia o esvaziamento das universidades estaduais quando o governo
encomenda pesquisa cientifica a instituições de ensino superior particular, sem
realce nas avaliações do Ministério da Educação. Sob a ótica acadêmica,
certamente esse cenário não atormenta o reitor.
No livro Censores em
Ação, o historiador Robert Darnton conta que à época de Malesherbes, advogado
de defesa do rei Luiz XVI, a monarquia absolutista assistiu um fenômeno novo,
que influenciou a sociedade moderna: a burocratização. Certamente, o tema
encanta o Magnífico: sua assessoria de comunicação social é tão superdimensionada
que se o batalhão de servidor comparecer no mesmo dia não haverá acomodação para
todos.
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