Nesse ano de 2016, um dos mais antigos terreiros de
Salvador completa seu centenário de existência. O MansuBanduquenqué (mais
conhecido como terreiro Bate Folha) foi fundado por Manuel Bernardino da Paixão
em 1916, no bairro da Mata Escura. Além de ser o maior terreiro de Salvador,
ele possui a maior área urbana da capital remanescente da mata atlântica.
O Bate Folha é o representante mais famoso das tradições religiosas
Congo-Angola no Brasil. Em 2003 teve seu nome incluído no registro de tombo do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que reconhecia a
sua importância para o acervo cultural brasileiro.
As celebrações do centenário se iniciaram no dia 10 de
agosto com a famosa festa do nkisi
Tempo (patrono da nação Congo-Angola) festejada anualmente na mesma data.Mesmo
com a coincidência de ter havido o jogo olímpico da seleção brasileira de
futebol na cidade (que até então não havia tido êxito nos jogos e justamente
nesse dia venceu a Dinamarca, talvez com a interferência de Tempo), um numeroso
público de religiosos, estudiosos e simpatizantes se fizeram presentes na belíssima
cerimônia.
Entre os senhores e senhoras idosas do Bate Folha, uma nova
geração de crianças e adolescentes compartilham das tradições que lhes são
legadas com a árdua e exigente tarefa de mantê-las vivas e dar-lhes
continuidade. Assim foi feito pelas gerações de Antônio José da Silva (Tata
Bandanguame, 1949-1965); Pedro Ferreira (Tata Dijineuanga, 1965-1970); João
José da Silva (Tata Nebanji, 1970-1991); Eduarlindo Crispiano de Souza (Tata
Molundurê, 1991- 2007); e continua com a geração de Cícero Rodrigues Franco
Lima (Tata Monguaxi) e Olga Conceição Cruz (Ganguasese) – atuais líderes
religiosos do terreiro.
Que o nkisi Tempo
não deixe o tempo do Bate Folha findar e o prolongue por mais outros tantos
centenários. Parabéns Bate Folha, templo sagrado e símbolode luta e resistência
do povo negro da Bahia!
Alan Santos Passos
Mestrando em História Social – UFBA
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