segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A ÁREA DO COMÉRCIO (SALVADOR)

uma vocação a ser resgatada.     



João Quadros
Presidente do Instituto Miguel Calmon – IMIC

A nova dinâmica urbana instalada a partir da década de 60 e mais a implantação do Polo Petroquímico de Camaçari, na década de 70, levaram Salvador a assumir definitivamente o seu caráter de metrópole, determinando o surgimento de subcentros comerciais, sobretudo com o crescimento do setor de serviços.

Nesse período já se delineava uma silenciosa e crescente tendência de expansão nos vetores norte e nordeste da cidade a partir da região do Iguatemi e nítida decadência do bairro do Comércio, outrora tido como polo comercial e financeiro propulsor do desenvolvimento urbano. Desse processo resultou uma acentuada depreciação do valor urbano de toda a sua área, com forte degradação e deterioração da paisagem urbana, com a maioria dos seus imóveis abandonados e degradados.

No final dos anos 90, em consenso com segmentos empresariais e institucionais instalados na área, a Prefeitura Municipal do Salvador, em parceria com o Governo do Estado, iniciou um processo de revitalização do bairro, estabelecendo políticas de incentivo e atração de novos investimentos, visando sua reocupação. O setor privado respondeu de imediato aos apelos e vantagens oferecidos, sobretudo as faculdades. Ao longo de cinco anos de ações e iniciativas em torno do Projeto da Revitalização do Comércio, foram implantadas no local sete faculdades, 20 empresas de callcenters, cerca de 100 lojas, 50 restaurantes, 1.200 salas comerciais e a instalação de alguns órgãos públicos, gerando um salto sobre a média diária de público circulante de 70 para cerca de 140 mil pessoas na área.

A Área do Comércio engloba todos os requisitos exigidos pela ONU para a formação de um site integrado de convivência e turismo, nos moldes do que há de melhor implantado nas cidades históricas do mundo todo.
Resultado de imagem para FOTOS DO FORTE SÃO MARCELO SALVADOR Nela está localizado além do Porto, o forte São Marcelo com uma arquitetura única no mundo, um Centro Náutico, a Capitania dos Portos, dois mercados tradicionais (o do Ouro e o Modelo), o Museu do Cacau, instalado num dos edifícios de vanguarda arquitetônica na época juntamente com a sede dos Correios e Telégrafos; uma das mais tradicionais igrejas da Bahia (a  Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia). Na Praça Visconde de Cairú fica um dos mais distintos ícones de Salvador: o Elevador Lacerda.  A Área do Comércio conta com a vizinhança de uma extensa avenida do contorno que abriga uma belíssima marina (que tende a ser ampliada), além de restaurantes e edifícios de habitação inteiramente integrados à panorâmica deslumbrante da Baía de Todos os Santos, compondo sua natural sala de visitas. 
Sedia também diversas empresas e órgãos públicos, dentre eles a Junta Comercial, a Alfândega do Porto de Salvador, a sede do INSS na Bahia, a sede dos bancos do Brasil e do Bradesco na Bahia, a sede do 2º Distrito Naval da Marinha do Brasil e o seu hospital, além do histórico edifício Conde dos Arcos, que abriga a bicentenária Associação Comercial da Bahia que acaba de celebrar seus 205 anos, impávida na defesa dos interesses do empresariado baiano e da revitalização da Área do Comércio.
O cenário está montado, mas o teatro necessita de bons reparos para que possa descortinar a sua histórica vocação para a convivência e para o turismo. Os governos estaduais e municipais têm demonstrado sensibilidade para este novo convite. Acredito fortemente de que os outros setores cumprirão de pronto o roteiro do espetáculo.


Um comentário:

  1. Não da pra entender uma área como a do comércio abandonada durante tantos anos.Ainda bem que o cenário começa a ser mudado. Que não sofra solução de continuidade. Também a emblemática Rua Chile deve passar por um processo de revitalização.

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