O ano de 1957 foi decisivo para que Helvetius Estafilococus, um grego naturalizado suíço, procurasse a Curia Metropolitana de Nuremberg. Consigo trazia um enorme dossiê, preparado durante anos. Helvetius pretendia processar a Igreja Católica, por danos morais e materiais.
Alegava ele que havia sido batizado à revelia e, durante anos, ter sido torturado mentalmente por ameaças de pecado e condenação ao Inferno. Pedia também condenação indenizatória por estelionato, ao prometerem um lugar chamado Paraíso, do qual nunca se apresentou escrituras, localização exata, fotos, etc. Pedia também, o grego naturalizado, que lhe fosse indenizado por anos e anos perdidos em práticas religiosas sem nenhum proveito.
A Cúria, assustada e surpresa, pediu um tempo para reflexão. Helvecius deu um prazo, e ameaçou levar o caso ao tribunal civil, laico.
A hierarquia eclesiástica ponderou que, sendo o caso levado ao tribunal civil seria um estrondoso desastre, caso decidisse pela petição de Helvetius. Rogou que ele não o fizesse, e que mantivesse a questão em segredo de justiça.
O teólogo sul-africano, Leo von Bofe, chamado a opinar, alertou que a situação era gravíssima, e que poderia abalar não só a Igreja católica, como todas as igrejas, religiões, credos e seitas. Milhões de pessoas poderiam se beneficiar de uma decisão passado em julgado, e isso seria o fim das religiões.
Helvetius, decidido, já havia avisado que se faria representar pelo causídico italiano Caruso Ferrabosta , famoso pelo rumoroso processo que moveu contra o Papado, em 1870, e que pôs fim aos "castrati" , prática que o Papa Sisto V tinha sacramentado em 1589 , com a bula "Cum pro nostri temporali munere ".
As discussões e encontros secretos entre Helvetius e a Cúria Metropolitana de Nuremberg se prolongaram, e culminaram em um acordo financeiro bilionário. Fazia também parte do acordo o sigilo absoluto sobre a questão, que permaneceu fora do domínio público por várias décadas. A revelação do contencioso só veio a lume porque o secretário das reuniões, Julius Açange, fazia cópias dos processos, que foram posteriormente encontrados no Arquivo Real de Luxemburgo.
De Helvecius Estafilococus não se teve mais noticias.
EDUARDO SARNO
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