sábado, 15 de setembro de 2018

A OPINIÃO DE ANINHA FGRANCO

Incapacidade de Pensar

Por Aninha Franco
Entre nosso imaginário e nossa realidade há muitas semelhanças. Os Sacis Pererês, Boitatás, Mulas Sem Cabeças emergem como Bolsonaro com os dedos engatilhados, como Lula na prisão por corrupção propagando que é preso político, como Dilma pedindo papel durante uma entrevista a Eleonora e Valdeci, como Palocci delatando a tranquilidade com que Lula presidente coordenava a corrupção e como Henrique Meirelles, a quem ninguém dá a menor importância, gastando milhões de seu patrimônio para tentar governar isso. E normalidade quase que não há.

Durante a semana, ouvi humanos que acreditam na tese lulopetista de que Lula é preso político duvidar do esfaqueamento de Bolsonaro. Sim. Ouvi. E a minha sensação de que a realidade, no Brasil é menor que a minha percepção detectava aumentou. Porque só viagem de droga pesada pode criar a suspeita de que hospital, médicos, Polícia Federal, Adélio, todos participaram de uma farsa de esfaqueamento para vitimizar Bolsonaro.

Mas muitos, sem droga alguma além do Brasil cotidiano, desconfiaram. Além dos que, explicitamente, nas redes sociais, festejaram o esfaqueamento. O Brasil está doente de incapacidade de pensar.

Não, eu jamais votaria em Bolsonaro porque tenho certeza que seu engatilhamento de dedos não fará do Brasil um país mais seguro ou mais lúcido. Assim como jamais votarei em qualquer representante do lulopetismo porque assisti Lula desmontar o país com sua ausência de caráter e senso coletivo. Lula e Bolsonaro são incapazes de pensar num Brasil melhor porque ambos são incapazes de pensar, diria Arendt se estivesse assistindo à nossa banalidade.

O Brasil está órfão de líderes e é vítima da ausência de pensamento que lhe persegue desde seus primeiros dias, desde que lhe foi imposta a solução de tudo através do milagre e do sacrifício. E como sem razão não há solução, estamos assim, sem milagre ou sacrifício que nos salve.

Os gregos produziram a maior quantidade de pensamento do início da civilização ocidental. Tudo que nós fazemos, dizemos, pensamos, foi pensado, feito e dito antes por eles. Por que será que eles quebraram no século 20? Os romanos definiram como o Ocidente deveria se comportar, criaram a urbis, quase toda a legislação que nós usamos hoje, a gastronomia, e estão em conflito, como nós. Os alemães, que sucederam os gregos na criação de pensamento, há 80 anos fizeram o Nazismo que perseguiu incessantemente a liberdade e o pensamento.

Nossa Democracia, o sistema que impulsiona o exercício da liberdade e do pensamento, tem pouco mais de 30 anos e nunca investiu na capacidade de pensar. Nossos eleitores trocam votos por dinheiro, emprego, elegem representantes legislativos que prometem que pior do que está não fica, e cada dia fica pior. Reitores neste Brasil pregam para milhares de alunos como usar uma “boa bala” contra o “bom burguês”, citando Brecht, o escritor que denunciou Hitler, o totalitarista da “direita”, pela morte de milhões de humanos, mas nunca denunciou Stálin, o totalitarista da “esquerda” pela morte de outros milhões. E assim estamos, quase todos, incapazes de votar, de escolher e de saber que Hitler e Stálin foram dois assassinos que conduziram sociedades, temporariamente, incapazes de pensar.

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