sábado, 15 de setembro de 2018

VENEZUELA MENOS PIOR!

IDH: educação não avança e Brasil fica estagnado no ranking de bem estar da ONU

O país ficou na 79ª posição, logo atrás da Venezuela, dentre um conjunto de 189 economias


BRASÍLIA — Pelo segundo ano consecutivo o Brasil ficou estagnado no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas, que mede o bem-estar da população considerando indicadores de saúde, escolaridade e renda. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em 2017 o país se manteve na 79ª posição, logo atrás da Venezuela, dentre um conjunto de 189 economias. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro é de 0,759. Pelo critério da ONU, quanto mais perto de 1, maior é o desenvolvimento humano.

Para o economista e diretor do FGV Social, Marcelo Neri, esses resultados mostram que a recessão econômica afetou o IDH para além do dano óbvio sobre a renda, que caiu em relação a 2015. Teve efeito indireto sobre a expectativa de vida e sobre a escolaridade, que praticamente estagnaram nessa mesma comparação. A primeira reflexo do aumento da mortalidade, por razões como o surto de vírus Zika e o segundo da falta de estímulo ou condições de estudar, devido ao alto desemprego.

— Entre os anos 1990 e 2010 o Brasil tinha feito progressos em todas essas dimensões acima dos resultados mundiais. Agora estamos vendo toda essa instabilidade econômica afetar o desenvolvimento social, que desacelerou — avalia Neri.
O IDH é calculado com base em indicadores de saúde, educação e renda. Em 2017, a expectativa de vida era de 75,7 anos, praticamente a mesma de dois anos antes (75,3). Na educação, o período esperado para que as pessoas fiquem na escola paralisou em 15,4 anos e a média de anos de estudo foi de 7,8 anos, frente aos 7,6 apurados em 2015. Já a renda per capita, que era de R$ 14,350 em 2015, caiu para R$ 13,755 no ano passado. Por isso, a melhora do IDH do Brasil de 2015 para 2017 foi de 0,002.
Tiago Macedo, de 24 anos, tem um filho de 4. A esposa, 23, é auxiliar de serviços gerais. Mora no Catumbi e concluiu o ensino médio em 2015, mas nem tentou faculdade porque a prioridade é o sustento da família.
— Já era pai, não tinha tempo para trabalhar e estudar. Eu gostaria de ter feito administração para não estar sem emprego agora — conta.
Demitido há seis meses, só foi chamado para duas seleções nesse período.
— Na hora da entrevista o fato de não ter faculdade faz diferença. Hoje você espalha muitos currículos e só um lugar te liga para fazer entrevista, e muitas vezes você não passa - diz.
Apesar de os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgados nesta sexta-feira pela ONU terem como referência 2017, em muitos casos as estatísticas são de períodos anteriores, pois em alguns países só há disponíveis informações mais antigas. A Venezuela sempre apareceu à frente do Brasil no ranking, porque tem uma escolaridade maior e uma renda alta graças ao petróleo. Mesmo assim, o país caiu 16 posições no ranking nos últimos cinco anos.


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