Quantas
vezes, seja na imprensa escrita ou nas redes sociais tenho reclamado da
ausência de qualquer política séria de preservação do patrimônio cultural e
artístico da Bahia e, temo, do resto do Brasil?
Em agosto, tive a oportunidade
de fotografar o que resta da extraordinária igreja de Nossa-Senhora do
Vencimento, no município de São Francisco do Conde, um dos mais ricos do Brasil.
Muito pior é o desaparecimento da igreja de Nossa-Senhora da Encarnação de
Passé, do século XVII, onde assisti ao enterro de um amigo em 1982. Dos altares,
dos azulejos seiscentistas e do sino se tem mais rastro.
Nos anos 90, quando o IPAC utilizou a Igreja do Passo como
escritório, desapareceram 2 imensos lampadários de prata maciça, cinzelada e
puxada. O fato mereceu artigo na imprensa, mas não houve o mínimo inquérito.
Por quê?
Sejamos realistas: a Bahia despreza sua história.
O Estado é cego e surdo.
Os municípios, ignorantes e indiferentes.
O órgão responsável a nível federal atravessa invernos, primaveras, outonos e verões sem justificar a que veio.
Estou falando, sim e o dedo em riste, do IPHAN.
Para prosseguir uma obra dentro das exigências, o Trapiche Barnabé esperou um ano e meio e só obteve o alvará pela insistência do então ministro Juca Ferreira.
O estado de calamidade do Convento de São Francisco é desesperador.
Os puxadinhos no Santo Antônio, mesmo denunciados em primeira página dos jornais, continuam crescendo
pornograficamente.
Após quase
quatro anos de restauração, com grandes pompas, 17 milhões de reais, arcebispo,
três ministros e destaque nas televisões, a antiga igreja dos jesuítas, hoje
catedral, foi reaberta ao público.
O resultado é magnífico. Fiquei realmente deslumbrado.
Mais entusiasmado fiquei quando soube que o precioso
monumento fora dotado de 109 sensores de incêndio e de 25 câmeras para vigiar
tamanho tesouro. Só lamento que estas câmeras não estivessem instaladas antes
da obra iniciar.
Teriam evitado que, durante a
restauração, o raríssimo sacrário do fim do século XIX fosse depenado de seus ouros
e brilhantes. Quem é responsável? É provável que, como de costume, haja um
destes “empurra com a barriga” e que nem a empresa, nem a igreja nem o IPHAN
assumam a escandalosa displicência.
Quanto à imagem de Santa Úrsula do século
XVIII, descascada apressadamente a procura de uma pintura original inexistente,
foi inteiramente repintada. Paciência. Fosse de gesso, os fiéis rezariam com o
mesmo fervor. Antes de terminar, uma curiosidade: será que nestes quatro anos,
não se teve tempo de mandar imprimir os recibos justificando a cobrança dos modestos
R$5,00 da visitação? Por princípio recusei pagar.
Um absurdo. Infelizmente.já muito antigo.
ResponderExcluirrealmente absurdo
ResponderExcluir