domingo, 21 de outubro de 2018

JORNAL, QUE TE QUERO IMPRESSO


Paulo Ormindo de Azevedo


Resultado de imagem para FOTOS ANTIGAS DO JORNAL A TARDE SALVADOR


Para muitas pessoas os jornais não têm mais razão de ser, já que as notícias são divulgadas 24 ou 30 horas antes pela redes sociais, rádios e televisões. Mas as redes digitais não são confiáveis, são o território da boataria e das fake news. Nas rádios e televisões as notícias são voláteis e se perdem em poucas horas. Só o jornal impresso pereniza a notícia e é referência para se checar se uma notícia é verdadeira ou falsa.
Gilberto Freyre foi o primeiro cientista brasileiro a usar os jornais como fonte historiográfica da vida social e política de uma cidade. Até sessões triviais, como anúncios populares e obituário, são importantes como registro da economia da época, espacialidade social e vida de personagens pouco conhecidos. Fernando da Rocha Peres fez um excelente ensaio de história das mentalidades soteropolitanas, em Memória da Sé, usando apenas essa fonte.
O jornal é a mídia mais democrática de todas publicando artigos de cidadãos não-jornalistas, mas que expressam um pensamento crítico e cartas de protestos de leitores. Bons jornais são aqueles que entrevistam ou convidam especialistas de diferentes tendências a comentarem as notícias, se convertendo, assim, em fóruns de debates.
Nas televisões e revistas semanais só se apresentam e escrevem jornalistas que são pagos para defenderem o pensamento de seus donos. Nos canais fechados de TV, apresentadores ruminam à exaustão as mesmas ideias. Eventualmente trazem um convidado para confirmar suas ideias, mas não para abrir o debate. Funcionam mais como lobbies do que como instrumentos de comunicação social.
Pela parcialidade, a televisão vem perdendo força como formadora de opinião pública. Apesar da campanha da Globo em favor de um candidato à presidência, esse não chegou a obter 5% dos votos, Da mesma forma, a mais famosa revista semanal do país está à beira da falência. A democracia se fortalece com debates públicos cara-a-cara e em manifestações de opiniões em jornais e não em campanhas maciças em redes de WhatsApp apócrifos, que podem distorcer uma eleição, como aconteceu na última votação nos EUA. 

SSA: A Tarde de 21/10/2018

Um comentário:

  1. Se os digitais não são confiáveis, os jornais impressos são super úteis: forram a caixa de areia onde meus gatos fazem xixi e cocô. Eles têm especial predileção pelo Correio da Bahia.

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