Ilhéus, sul de Minas
(por André Gustavo Stumpf)
Metade do Brasil está debaixo da água. Acima, só Bolsonaro montado em seu poderoso jet ski
Há várias razões e explicações diversas para o fenômeno. Mas a verdade é que jornais, impressos ou televisivos estão menos informativos. O jornalismo investigativo está em recesso ou fora de moda. Cinzas nas nossas cabeças, como diria o jornalista Mino Carta.
No período de plantão de final de ano, as redações ficam vazias e os problemas se multiplicam. Há dois exemplos recentes emblemáticos: a estranha paralisia da Itapemirim Transportes Aéreos e o anúncio de que um módulo norte-americano penetrou na atmosfera do Sol.
A Itapemirim é empresa tradicional no serviço de transportes rodoviários. Chegou a ser uma das maiores do mundo, rivalizando com norte-americanas como a Greyhound. Foi a maior compradora de pneus do Brasil, fabricante de carrocerias de ônibus, maior concessionário da marca de motores, um gigante em todas as dimensões. Fundada, cevada e desenvolvida pelo empresário Camilo Cola.
Ele morreu e a empresa desandou. Foi assumida por outra pessoa, que, segundo os herdeiros, conseguiu misturar os bens da empresa com os do falecido empresário.
A Ita, aviação, surgiu no momento que a Itapemirim rodoviária está em recuperação judicial. Luta contra o voraz apetite dos credores. Apesar da situação particularmente difícil o novo homem forte, alardeando recursos de fundos árabes (que não chegaram), consegue ultrapassar todos os níveis de credenciamento e autorização da Agência Nacional de Aviação Civil para começar a voar com seus Airbus 737 amarelos.
Não pagou salários, vantagens, obrigações sociais, seguros, nem o uniforme de seus funcionários e terceirizados. Em determinado momento, antes do Natal, veio a ordem sibilina: ‘tira o crachá, o uniforme e vaza. Saí daí’. Os funcionários deram no pé e deixaram mais de 45 mil passageiros nos aeroportos sem rumo, sem apoio, sem destino.
Algum tempo atrás, o presidente Bolsonaro anunciou na sua tradicional fala das quintas-feiras, com uma miniatura de ônibus da Itapemirim sobre a mesa, que nova empresa de aviação iria surgir nos céus do Brasil. A seu lado, o sorridente ministro Tarcísio Freitas confirmou a novidade. A Ita voou pouco, nada mais de que seis meses.
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