Paulo Ormindo de Azevedo
Esta é a grande oportunidade para quem quiser fazer compras na Bahia, especialmente com dólar. Tudo pela metade do preço. Um verdadeiro negócio da China! Imaginem se um presidente americano ousasse transferir seu despacho para a casa de férias, em Camp David, e resolvesse vender a Casa Branca (1800) para transformá-la em hotel vip. Ou que desse como garantia de uma dívida fraudulenta a Biblioteca do Congresso, e essa fosse a leilão, com 60 dias para retirar seus documentos e livros. Seria considerado um louco e perderia o mandato.
Pois bem, algo semelhante aconteceu na Bahia, com o agravante do nosso palácio governamental ser de 1549, embora reformado algumas vezes, e do Arquivo Público, a Quinta do Tanque ser do século XVII, onde Antônio Vieira, o Imperador de Língua Portuguesa, escreveu a maiorias de suas obras. Não se avexe governador Mangabeira, já estamos pra lá de Marrakesh e Teerã (Caetano).
Uma estatal dos Emirados Árabes comprou a refinaria Landulfo Alves pela metade do preço e ainda ganhou de presente o Terminal de Madre de Deus e 900 km de oleodutos e gasodutos, o que torna sua operadora, Acelen, monopolista de gasolina e diesel no Nordeste podendo cobrar o preço que quiser. Só em janeiro a Acelen aumentou a gasolina três vezes. Como a empresa pretende comprar outras refinarias da Petrobrás (em liquidação) sua sede fica no Rio de Janeiro e seu faturamento também. Estamos ainda ameaçados de ficar sem diesel, porque o superpetroleiro que veio trazendo petróleo das Arábias não entra no Temadre. A Petrobrás vendeu ainda 28 poços de petróleo e gás na Bahia e se retirou do estado, onde começou sua atividade há 67 anos. Perde a Bahia sua principal fonte de ICMS.
Para pagar o polémico ferry boat de concreto xing ling, cujo preço já foi duplicado antes de iniciado, o Estado vendeu o Palácio Rio Branco e pretende vender mais 26 imóveis, entre os quais estão a sede do antigo Desenbanco, a velha Secretaria de Agricultura, a Estação Rodoviária, que de central vai para a periferia, o Detran, o Centro de Convenções (153.000 m²) e o Parque de Exposições (450,000 m²). Tudo isto só paga uma fração mínima dos R$9,0 bilhões da ponte, que a Marinha diz oferecer grande risco à navegação. Para reembolsá-la e administrá-la, os chinas devem nos cobrar, durante 30 anos, R$1,2 bilhão anuais reajustado em função do pedágio.
Sem dinheiro, o Estado perdeu o prazo para desapropriar os dois canteiros de obras da ponte e não quer pagar um reajuste de 60% exigido pela chinesa que ganhou um contrato de R$2,5 bilhões oferecendo um monotrilho quando o Estado pedia um VLT. Desejaria, mas não pode romper o contrato, por não ter denunciado e aplicado multas por descumprimento da BYD (Build Your Dreams). Nossos dirigentes vão continuar delirando. Pobre Bahia, triste Brasil!
SSA: A Tarde, 06/02/2022
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