Lê-se nas redes postagens defendendo que Bolsonaro nada tem a ver com a morte de Bruno Pereira e Dom Philips. Alexandre Garcia, chega a ter a estupidez de dizer que o governo britânico não pode cobrar do governo brasileiro, vez que “o jornalista inglês não tinha permissão para estar na região nem estava sob tutela de qualquer órgão administrativo brasileiro”. Outros acham vergonhoso qualquer órgão da imprensa acusar o governo. Algumas postagens chegam a ofender os que consideram os fatos de responsabilidade de Bolsonaro, taxando-os de pessoas sem caráter.
Não se trata, evidentemente, apenas da questão da responsabilidade, mas da absoluta inexistência de empatia em relação ao glorioso trabalho dos dois ativistas, que apenas cumpriam as suas funções profissionais, em defesa desse magnífico patrimônio do Brasil e da humanidade..
É evidente que as falas anteriores de Bolsonaro indicam sua responsabilidade indireta nos acontecimentos. Os que negam isto, estão apenas tentando se aproveitar das circunstâncias para despejar o seu ódio aos partidos de esquerda e à imprensa que ainda tem alguma dignidade. Pois basta ler as declarações abaixo para se ter a certeza do peso da influência do capitão-presidente nos acontecimentos.
Taí o mandante-oculto do assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Philips:
“Se eleito eu vou dar uma foiçada na Funai, mas uma foiçada no pescoço. Não tem outro caminho.”
Os executores só não usaram a arma escolhida pelo mandante.
Declarações do mandante sobre os indígenas.
“Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios.” Correio Braziliense, 12/04/1998
“Os índios não falam nossa língua, não têm dinheiro, não têm cultura. São povos nativos. Como eles conseguem ter 13% do território nacional?" Campo Grande News, 22/04/2015
"[Reservas indígenas] sufocam o agronegócio. No Brasil não se consegue diminuir um metro quadrado de terra indígena.” Campo Grande News, 22/04/2015
“Não tem terra indígena onde não têm minerais. Ouro, estanho e magnésio estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra pra índio." Campo Grande News, 22/04/2015
“Em 2019 vamos desmarcar a Raposa Serra do Sol. Vamos dar fuzil e armas a todos os fazendeiros.” Congresso Nacional, publicado em 21/01/2016
“Essa política unilateral de demarcar a terra indígena por parte do Executivo vai deixar de existir, a reserva que eu puder diminuir o tamanho dela eu farei isso aí. É uma briga muito grande que você vai brigar com a ONU." Correio do Estado, 10/06/2016 (vídeo)
“Eu já briguei com o Jarbas Passarinho [ex-Ministro da Justiça] aqui dentro. Briguei em um crime de lesa-Pátria que ele cometeu ao demarcar a reserva Ianomâmi. Criminoso.” Entrevista com Marcelo Godoy, 02/04/2017
“Pode ter certeza que se eu chegar lá (Presidência da República) não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.” Estadão, 03/04/2017
“Se eleito eu vou dar uma foiçada na Funai, mas uma foiçada no pescoço. Não tem outro caminho. Não serve mais.” Espírito Santo, 01/08/2018, site Indigenistas Associados
“Se eu assumir [a Presidência do Brasil] não terá mais um centímetro para terra indígena.” Dourados (MS), 08/02/2018
Nunca esqueçamos de Dorothy Stang!
Paulo Martins
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