Embora não tenha nem uma nesga de esperança de me entusiasmar com o tal Jerônimo Rodrigues, candidato do PT ao Governo da Bahia, cumpri meu dever de eleitor e fui assitir à entrevista dele na Sabatina do UOL. De cara, ele tem uma dificuldade terrível de se comunicar, fala mal, sem firmeza, em tom hesitante. Mas esse está longe de ser um problema grave, afinal nada que um "media training" ou um bom fonoaudiólogo não resolvam. Além disso, político tem que ter é competência, mais que se comunicar bem.
Mas o mais impressionante - e já esperado - é que ele alimenta o discurso envelhecido dessa velha esquerda baiana, que insiste em colar em ACM Neto a pecha de coronel que tinha o avô. "Neto usa os métodos do avô", disse ele, sem dar sequer um exemplo que comprove sua tese. Críticas concretas à gestão do ex-prefeito, Jerônimo praticamente não fez. O PT levou aquela vergonhosa surra na última eleição para prefeitura e, pelo visto, não aprendeu nada. Está usando a mesma tática.
Sobre o apoio a Geddel, recorreu aos velhos clichês, tentando justificar a aliança. Só faltou repetir aqueles mantras que costumamos ver a militância petista dizer por aqui nas redes: "é da política"; "é do jogo" ou "política é assim mesmo". Jerônimo apenas presentou uma variação: "política tem disso, né?", disse.
"Tem um programa que nos alinha politicamente", falou, sobre o programa de governo que o MDB lhe apresentou. Sim, segundo ele, há alinhamento entre o PT e o MDB de G-E-D-D-E-L. A essa altura, já não duvido que haja mesmo, afinal o PT se aproxima cada vez mais do fisiologismo do MDB. Aí, vem o melhor, quando fala sobre os processos que Geddel e o irmão, Lúcio, respondem/responderam: "Sobre a situação PESSOAL dos dois, se tiver alguma coisa restante na Justiça, é do foro pessoal". Sim, para ele, um sujeito mete a mão em CINQUENTA MILHÕES DE REAIS - dinheiro público, diga-se - e se trata de "questão pessoal".
E, para ele, depois de 16 anos no poder, o PT não teve tempo suficiente para, segundo ele, "reverter" a situação da educação. Só faltou falar em "herança maldita", pra repetir outro velho clichê petista. Isso me faz lembrar de quando ACM Neto assumiu a Prefeitura e, quando não tinha nem dois anos de governo, caiu uma daquelas chuvas torrenciais de abril e houve algumas mortes. Imediatamente, a militância petista, sempre fiel, apresentou-se nas redes sociais para fazer críticas duríssimas - e tinha que fazer, claro - e não perdeu a oportunidade de dizer que aquele era um governo elitista, que não estava preocupado com a população pobre...
Eu, claro, lamentava as mortes, mas tive a "ousadia" de ponderar, lembrando que Salvador tinha este problema histórico e que não dava pra cobrar resoluções definitivas e mágicas em apenas um ano de gestão de Neto. E olha que na época eu ainda era um apaixonado eleitor do PT... Mas pra quê fui bancar o ponderado? Fui "cancelado", antes mesmo de essa palavra entrar pro nosso vocabulário. Pois bem: passaram-se uns anos da gestão de Neto e o que vimos foi uma redução drástica das tragédias provocadas pela chuva, graças a um competentíssimo trabalho nas encostas.
Houve um custo pra isso? Sim, e um desses custos foi o reajuste do IPTU, que o populista João Henrique, antecessor de Neto, nunca teve coragem de aplicar. Mas houve um aumento do imposto especialmente nas zonas mais ricas da cidade, tanto que a classe média foi quem mais chiou na época. E o dinheiro arrecadado com esse aumento foi aplicado onde? Nas encostas, por exemplo. Agora, me diga: isso é ou não uma maneira justa de distribuir renda?
E sabe qual foi a consequência deste aumento de IPTU nas zonas "nobres"? ACM Neto teve nessas regiões, durante as eleições, um desempenho ruim, quando se compara ao seu desempenho na periferia. E isso ficou ainda mais claro com a eleição de Bruno Reis. Na periferia, chegou a ter mais de 65% em algumas zonas.
E se Neto, em relação às chuvas, cruzasse os braços e, como o PT faz hoje, dissesse que teve pouco tempo para resolver os problemas das encostas? O que você ia achar, caro eleitor petista?
Mas, para o PT, a culpa será sempre do outro, seja da mídia, da oposição ou da lua cheia, que sempre o atrapalham. Em tempo: Jerônimo foi secretário da educação e os números da Bahia neste setor são absolutamente VERGONHOSOS. O ensino médio da Bahia ficou em último lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2020. Em 2019, a meta era uma nota 4,5 e obtivemos 3,2. E a culpa é de quem?
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