Editorial jornal A
TARDE
26/01/2017
O Brasil recebe pouco
mais de 6 milhões de turistas estrangeiros por ano. Compare-se com o México:
para lá vão mais de 30 milhões, no mesmo período. Ou com os que vão à Torre
Eiffel, em Paris: 7 milhões, mais do que os que se dispõem a visitar o Brasil
todo. Madrid recebe 4,5 milhões (Salvador, menos de 400 mil, segundo dados da
Infraero), mas a Espanha registra humilhantes 70 milhões.
Diante
de estatísticas esmagadoras como essas, é inconcebível continuar imaginando que
o Brasil leva o turismo a sério. Ou que Salvador tenha mesmo “vocação
turística”. Ninguém, em sã consciência, deseja conhecer um País (ou uma cidade)
em que os problemas se iniciem logo na chegada.
A
área internacional do aeroporto de Salvador é uma sauna, por falta de
refrigeração. Os visitantes se espremem, em filas que se arrastam até a
imigração, derretendo sob um calor que agora passa dos 30 graus – imagine-se o
que sofrem aqueles oriundos de países onde a temperatura, a esta época do ano,
é negativa.
Demora-se
mais para receber a bagagem do que um voo para Aracaju, cidade que fica a cerca
de 300 quilômetros de Salvador. Paga-se por um táxi, até bairros como a Pituba,
mais de R$ 100 (pelo menos cinco vezes mais do que o custo, uma taxa de lucro
que raras empresas no mundo conseguem alcançar).
Para
quem está saindo da cidade, a tortura é ainda maior: na área de embarque não há
lanchonete, a loja de Duty-Free fechou, os sanitários – em especial o feminino
– são uma amostra do apocalipse. Temos o pior aeroporto do País e estamos
piorando, segundo pesquisa de satisfação divulgada pelo Ministério dos
Transportes.
Em
obras eternas, que deveriam ter se encerrado antes da Copa do Mundo, em 2014, o
aeroporto faz da chegada a Salvador um convite à saída. A privatização do
aeroporto é continuamente adiada, e os turistas vão descobrindo, em massa, que
há melhor coisa a fazer na vida do que sofrer em Salvador. Quanto a nós,
continuamos brincando de turismo.
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