INVESTIGAÇÃO
Negócio de telecomunicações militares na sombra da Bolsa portuguesa
A venda sigilosa a Angola de um sistema de comunicações encriptado foi financiada pelo BES, no que se pode tornar no último acto público conhecido de Ricardo Salgado. E revelado pelo P2 na semana em que o banqueiro é suspeito de corromper José Sócrates, que em Luanda validou o negócio de 113 milhões
Quando em causa estão negócios militares em Estados emergentes, existe grande secretismo e um elevado grau de informalidade — os entendimentos são verbais, os suportes escritos escasseiam. E, se se movimentam muitos milhões, a par da competitividade forjam-se solidariedades e, talvez por isso, raramente se declaram as hostilidades. Já as traições não são toleradas. E, se há uma zanga marginal, ela ganha proporções atómicas.
Foi o que aconteceu nesta história, a qual o P2 vai revelar a venda de um sistema encriptado de telecomunicações de dados de voz, de origem portuguesa, aos serviços secretos angolanos (Serviço de Inteligência e Segurança do Estado-SISE). Uma operação pontuada por incidentes que lembram os tempos da Guerra Fria e estimada globalmente em 113 milhões de euros, dos quais 60 milhões já foram pagos— a transacção, financiada pelo ex-Banco Espírito Santo, ainda se encontra em curso.
No centro está a sociedade All2it, detida pela Reditus, uma grande tecnológica cotada no PSI20, na qual o Millennium bcp possui 18%, e presidida por Miguel Pais do Amaral, o principal accionista, com 25,6%. Pais do Amaral, conde de Alferrarede, é também dono da editora Leya e está à frente da gestão não executiva da Media Capital, proprietária da TVI.
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