domingo, 22 de janeiro de 2017

FEMADUM: DUAS MORTES

Jovens mortos quando saíam do Femadum eram amigos de infância

Família diz que Rodrigo e Diogo não tinham inimigos nem gostavam de se envolver com confusão; corpos serão enterrados na tarde deste domingo (22), no Campo Santo
Os jovens Rodrigo Santos Reis, 25 anos, e Diego Ricardo da Silva Lopes, 26, mortos a tiros por volta das 17h do sábado (21), na Barroquinha, quando tinham acabado de sair do Festival de Músicas e Artes do Olodum (Femadum), eram amigos de infância e tinham ido para a festa juntos. Eles foram atingidos próximo à loja Ricardo Eletro,  enquanto estavam a caminho do ponto de ônibus.
Segundo familiares das vítimas, que não quiseram se identificar, os dois viviam na Fazenda Grande do Retiro e estavam desempregados. Rodrigo era casado e tinha dois filhos pequenos - um menino de 1 ano e uma menina de 5 e fazia bicos de moto-táxi para pagar as contas. Diego era padrinho do filho mais novo do amigo. "Eram rapazes tranquilos, que não tinham inimigos, não eram de se envolver em confusão", comentou um familiar, quando questionado o que pode ter motivado a morte dos jovens. Procurada, a assessoria do Femadun informou que não se manifestaria sobre o caso.
Os parentes tentavam entender a situação. "Nenhum dos dois gostava muito de festa. Não eram fãs do Olodum e nem eram de frequentar o Pelourinho", revelaram. Quando Rodrigo viu o pai pela última vez, relutou em dizer aonde ia. "Eu vou ali, meu pai.  Eu vou ali", revelou o genitor, Raimundo Reis.  
O pai de Rodrigo destacou que o filho era um bom pai de família. "Era um menino que toda vez que me via me pedia a benção. Ele poderia estar em qualquer lugar, não tinha isso de ter vergonha", lamentou. Emocionado, ele não conseguia conter as lágrimas durante o velório. Acariciava o rosto do jovem e conversava como se ele ainda estivesse vivo. "Levaram meu filho", repetia insistentemente. "Sua irmã quando chegar não vai aguentar, Rodrigo. Ela não vai aguentar te ver". Raimundo estava arrasado. "A amizade deles era grande. Foi como eu tivesse perdido dois filhos". 
Os familiares de Diego comentaram que o rapaz era filho único por parte de pai e que cuidava da mãe doente. "Ela está muito mal. Tava com uma dor na barriga que ninguém sabe o que é. Era ele que levava ela para médico, resolvia tudo para ela". O pai do jovem ainda não sabia do ocorrido na manhã do domingo (22) e os parentes não sabiam como fazer para comunicar a morte do jovem. "Ele era muito apegado aos pais".  
Rodrigo foi morto com dois tiros na cabeça e Diego com dois tiros na cabeça e um no abdômen. Os disparos foram feitos à queima-roupa e nenhum pertence das vítimas foi levado, o que gerou a suspeita de crime de execução.  Os corpos foram levados para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde passaram por perícia e foram liberados. O velório dos amigos foi compartilhado e está acontecendo no Cemitério do Campo Santo. O enterro de Diogo será às 15h30 e o de Rodrigo às 16h, no mesmo cemitério. As mortes serão investigadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). 
Rodrigo tinha feito uma entrevista de emprego e começaria a trabalhar nesta segunda-feira (23)
(Foto: Carol Aquino)

Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), Rodrigo, que era conhecido como Cara de Manga, tinha passagem por roubo e Diego por tráfico. A SSP informou ainda que testemunhas disseram que quatro homens se aproximaram da dupla e um deles efetuou dois tiros, um em cada. 
Angélica Batista, tia de Rodrigo minimizou o episódio. "Isso foi há muito tempo, quando ele era mais jovem, andava em más companhias. Agora ele tinha se consertado. Ele tinha feito curso de cobrador e passado numa entrevista na última sexta, ia começar a trabalhar amanhã", contou. "Ele era um menino maravilhoso, muito carinhoso. Vai deixar saudades", resumiu a familiar. 

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