Publicado em 27/01/2017 às 18h38.
Pré-carnaval de TV revolta moradores e AmaBarra promete acionar MP
Além de entrevistas ao vivo na Rede Bahia, artistas realizam pocket shows para milhares de pessoas – tudo isso entre o fim da manhã e o início da tarde dos dias úteis

Além da montagem de camarotes que já começou por toda a Avenida Oceânica, os moradores e motoristas que passam pelo trecho Barra/Ondina têm encontrado mais uma dor de cabeça ao acessar a região. A Rede Bahia tem realizado, diariamente, shows no seu “estúdio de verão”, localizado na Casa do Sol, na orla do bairro, e mudou a rotina de quem mora ou trabalha na área. Segundo nota do Correio que divulgou, na última quinta-feira (19), o lançamento do espaço, o local foi inaugurado com “a proposta de virar um point do Verão Baiano”.
Cenário para gravações de entrevistas, quadros e programação cultural do canal, o palco já recebeu artistas como Ivete Sangalo, Anitta e É O Tchan que, além de entrevistas, realizam pocket shows para o público presente – tudo isso entre o fim da manhã e o início da tarde dos dias úteis. Em conversa com o bahia.ba, Waltson Campos, presidente da AmaBarra, associação de moradores do bairro, contou que os moradores estão “super insatisfeitos” com o projeto. “Nada contra ter evento na Barra, o problema é ter evento todo dia. Temos recebido várias queixas de moradores e empresários locais que querem almoçar, ou aproveitar o horário de almoço para descansar, e não podem. É um absurdo este pré-carnaval autorizado pela prefeitura, que desrespeita as próprias leis criadas por ela”, explica.
A associação listou à reportagem os problemas que a instalação causou aos moradores: Há retenção do trânsito, que afeta a única via de escoamento do bairro (a Rua Afonso Celso), o que ocasiona no engarrafamento das ruas laterais – além disso, os moradores credenciados que moram na Avenida Oceânica ficam impedidos de entrar em casa neste horário, dado ao número “exorbitante” de pessoas que se amontoam em frente à Casa do Sol. O barulho dos shows incomoda as clínicas e residências da região; a área é tomada por vendedores ambulantes que sujam todo o entorno; não há banheiros para a multidão, que muitas vezes urina nas paredes dos estabelecimentos; a Polícia Militar tem que deslocar um efetivo para atender à demanda e tira o policiamento de outros pontos do bairro.
Ainda segundo a AmaBarra, que se comprometeu em entrar com uma ação junto ao Ministério Público da Bahia contra a situação, a estrutura da administração municipal é utilizada para um evento privado (por meio da Limpurb e da Transalvador). Eles ressaltam que a emissora não entrou em contato com a associação e não deu satisfação ou respeitou os moradores.
Moradores – No A Tarde desta quinta-feira (26), o morador Gil Ribeira Motta escreveu, no espaço reservado aos leitores do jornal, um apelo sobre a situação. No texto, ele relata que, na última segunda-feira (23), uma familiar, moradora do local, que é idosa e enferma, não pode receber uma visita médica porque a equipe de home care não conseguiu chegar à sua residência. “No carnaval tiramos ela de seu apartamento e a levamos para um hotel. Mas ainda não estamos no carnaval… Ou será que estamos?”, provoca.
No Facebook, o dentista Eduardo Batalha, que tem um consultório na região, fez um relato parecido sobre a situação na página da AmaBarra. “Os carros da emissora podem estacionar à vontade com a segurança da Transalvador. Eu gostaria de saber se eu ou os meus paciente também poderíamos usufruir deste privilégio. Pelo que me consta, a dita TV é privada. Qual o interesse público resulta este contraste de interesses?”, questiona.
Prefeitura – Contatado pelo bahia.ba, o secretário de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco, ficou surpreso com a situação e garantiu que as queixas não chegaram ao Município. “Estou sabendo através da imprensa. Estamos muito atentos e não houve nenhuma manifestação formal”, garante. Segundo ele, as apresentações “não são shows no formato de evento propriamente dito” e têm caráter promocional do Carnaval de Salvador. “É uma promoção indireta para nossa programação. A cidade está cheia de turistas e a Barra se transformou em uma atração turística”, justifica.
Confira um registro do show do É o Tchan, na última terça-feira (24)
A corja da prefeitura prima pelo cinismo, os shows da rede de televisão da família do alcaide transgridem a distinção legal entre o público e o privado e o Ministério Público irá propositadamente retardar suas devidas ações como sempre faz. E aí o carnaval já terá acabado, as reclamações esquecidas. Ano que vem tem mais. Quem manda em um feudo é o Suserano e seus Vassalos. Os servos da modernidade só fazem entregar aos senhores feudais seus produtos na forma de impostos extorsivos. Em troca de suposta proteção os Senhores exigem desses alienados lealdade estrita e assim criam uma relação de dependência (73,99%). Na Bahia essa servidão vem passando dos pais para os filhos / netos, perpetuando essa relação de dependência por gerações.
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