segunda-feira, 9 de abril de 2018

UM PEDIDO DE 10%

Cláudio Chinaski



Image may contain: 1 person, eyeglasses, beard and closeupEra começo de 2008, eu estava fazendo 40 anos de vida e há 3 anos mantinha no ar, pela TV Nacional de Brasília, um programa criado, produzido e dirigido por mim sobre cultura brasileira. Tínhamos um pequeno patrocínio da Nestlé e éramos a primeira parceria da tv pública de Brasília, onde tínhamos total autonomia criativa, com uma produtora privada. 
A tv entrava com a transmissão e recebia de nós o direito de cessão do programa para outras redes públicas e comunitárias. Era bom pra todo mundo e funcionava sem problema algum.
No final de 2007, o então presidente LuLLa criou a tv Brasil, fundindo a tv nacional com outra tv pública cujo nome não me lembro. Foi essa fusão que veio modificar a parceria que se mantinha perfeita até início de 2008.
Basicamente, foi um pedido de 10% sobre o valor do patrocínio da Nestlé para a continuidade da veiculação do programa. É justo, vocês podem pensar, não é mesmo? Também achei. Perguntei por quanto tempo seria o contrato. Aí começa a aventura petista na minha vida. Não haveria contrato. Seria, nas palavras do interlocutor da tv, uma contribuição para o partido. Propina, enfim. Seria paga em dinheiro todo mês. Não passaria pela conta da tv.
Levei o assunto aos meus conhecidos no partido. Todos disseram pra que eu pagasse pois todo mundo estava pagando.
Fui subindo na hierarquia do partido e ouvindo a mesma coisa. Todo mundo está pagando.
Consegui falar com a ilibada: pague.
Consegui enviar um emissário ao homem forte do Lula: pague.
E sempre a indicação de que isso era orientação do Lula (ou com seu aval). É ordem do “chefe” Esse é o único título do Lulla que me interessa: “O Chefe”
Não paguei. Tirei o programa do ar. Comecei a ser boicotado em contratações e editais públicos. Não conseguia mais clientes. Tive que fechar a produtora, demitir todos os funcionários. Foram quase 2 anos na merda, cheio de dívidas, grana pra comprar pão pro almoço, precisando da ajuda de amigos, vendendo minha coleção de LP,s para sobreviver. E durante todo esse tempo, deste dia ao dia de hoje, a única coisa que eu queria era ver o LuLLa pagar por isso. Não a justiça divina de que tanto falam. Não tenho deus algum sobre minha cabeça. Sou humano, de sangue e carne, e a justiça humana é a que me redime. Imperfeita como todos nós, é nossa única alternativa de humanidade. Quando LuLLa teve câncer quis que ele melhorasse logo. A ideia de que a morte o livraria da justiça me assustava.
Não existe justiça fora da lei.
Não existe civilização fora da lei.
É a lei que nos iguala, poderosos ou anônimos. Preciso disso pra continuar por aqui.
Hoje eu posso gritar com a força dos meus pulmões: LuLLa está preso.
Hoje posso gritar em nome de um projeto de trabalho lindo e pelo qual muita gente batalhou e que foi destruído por essa sanha doentia de poder: LuLLa está preso.
Hoje posso gritar em nome daqueles que eu tive que demitir: LuLLa está preso.
Hoje eu posso gritar lavando a alma de toda a dor e humilhação que passei nas mãos dessa corja (coisas que não cabem nesse post, mas tem muito mais coisas do que estou contando aqui): LuLLa está preso.
Sou carne e sangue. Sou humano e minha justiça é a justiça dos homens. Ninguém está acima da lei. Que todos os deuses se coloquem em seus lugares e nos deixem resolver nossa vida.
Gritem comigo: LuLLa está preso.
Se for solto amanhã, se virar santo, se subir aos céus e fizer chover leite e mel, hoje nada disso me interessa.
Hoje eu digo apenas: Lulla está preso
Tem 10 anos que espero pra dizer isso: Lulla está preso
Não é vingança. Não quero dor ou sofrimento para ele, quero apenas que esteja ao alcance da lei.
Ele.
E todos os outros.
Ninguém está acima da lei.
7 de abril de 2018: Lulla está preso

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