Ao rever o filme “Inteligência Artificial”, de Spielberg, a evidência saltou aos olhos. O estranho formato quadrado da nave alien que percorre as ruínas submersas da New York do futuro tem lógica: para navegar na dimensão tempo-espaço, nenhuma serventia tem a aerodinâmica dos veículos tais como estamos acostumados a ver na realidade e nos filmes e desenhos tradicionais de ficção científica. O saque genial de Spielberg surpreende-nos com um conceito plausível às civilizações à nossa frente. O hiperespaço é o limite.
De repente, esse modelo spielbergiano ficou muito parecido com as barracas padronizadas que a Prefeitura está instalando em meio às dunas e coqueirais da orla. Em tudo elas se assemelham à quadratura das naves aliens. Isso pode explicar a esquisita desconformidade dessas estruturas rígidas com o perfil natural, curvilíneo e harmonioso das nossas enseadas e restingas. Indo mais fundo, explica a espantosa desconexão desses projetistas exóticos, cultores do cimento e do vidro, com a vibrante, ardida e multifacetada cultura baiana.
De repente, esse modelo spielbergiano ficou muito parecido com as barracas padronizadas que a Prefeitura está instalando em meio às dunas e coqueirais da orla. Em tudo elas se assemelham à quadratura das naves aliens. Isso pode explicar a esquisita desconformidade dessas estruturas rígidas com o perfil natural, curvilíneo e harmonioso das nossas enseadas e restingas. Indo mais fundo, explica a espantosa desconexão desses projetistas exóticos, cultores do cimento e do vidro, com a vibrante, ardida e multifacetada cultura baiana.
Fica claro que as raízes ambientais, étnicas e culturais que nossos artistas cantaram, pintaram e escreveram, tornando a Bahia especial em todo o planeta, não estão representadas nessas construções que não combinam com a sonoridade melódica de Itapuã, Piatã, Ribeira, Jardim de Alah, santuários imortalizados por gente do calibre de Gregório de Mattos, Dorival Caymmi, Jorge Amado, João Ubaldo, Vinicius, Baden, João Gilberto, Jenner Augusto, Carybé, Pancetti, Ary Barroso, Carmem Miranda, Camafeu de Oxossi, Mãe Menininha, Caetano, Gil, Moraes Moreira, o Ilê, o Olodum e tantos outros...
Está explicado! Os arquitetos, paisagistas e mestres-betoneiros que entupiram de cimento as nossas praias e dunas e agora nos empurram essas esquisitas barracas não pertencem à cultura baiana, sequer ao homo sapiens. Foram desembarcados de naves de outros sistemas planetários e tentam, aqui, propagar a sua espécie e seus costumes extravagantes. Vamos resistir à invasão, não vamos nos dispersar! Os turistas já fazem a sua parte ao se desinteressarem por uma cidade que, outrora mágica e diferenciada, agora procura imitar em versão fake a estética dos supermercados e play-grounds de Miami. Ora, para desfrutar dessa arquitetura eles nem precisam vir para cá, o original é sempre melhor do que a cópia.
Que descoberta!
ResponderExcluir