O bicho está pegando até para os bichos. Segundo um estudo da Universidade Deakin, na Austrália, seus bicos, membros e ouvidos estão ficando maiores, para ajudá-los a encarar as mudanças climáticas.
Mas eles ainda não evoluíram ao ponto de se tornarem à prova de fogo. No ano passado, os incêndios na Austrália deixaram mais de um bilhão de bichos mortos; também em 2020, 17 milhões morreram no Pantanal; e em agosto último, 20 milhões, na Itália. Uma tragédia sem tamanho.
E essa balbúrdia não está afetando apenas nossos vizinhos de planeta, evidentemente. A queda da população animal e da cobertura vegetal nos diz respeito igualmente – embora a gente finja que não – e começamos a sentir na pele os seus efeitos também. Mas o que tem feito de concreto a respeito disso o autodenominado homo sapiens, que se arvorou senhor do mundo? “Se você parar para pensar, as duas pessoas mais ricas da Terra estão tentando sair dela e não consertá-la”, escreveu um gênio anônimo da internet, referindo-se à corrida espacial particular de Joseph Bezos e Elon Musk. Já os mais pobres sequer podem sonhar em se tornarem heróis de ficção científica.
A maioria não tem para onde correr, além de um lado para o outro do planeta. E, assim, foi criada mais uma categoria de migrantes, os refugiados do clima. O Banco Mundial divulgou na última segunda-feira (dia 13) um relatório estarrecedor: até 2050, as mudanças climáticas devem obrigar 216 milhões de pessoas, quase 3% da população mundial, a deixarem seus torrões natais. Na América Latina poderão ser 17 milhões a fugir da falta de água – e à consequente escassez de alimento –, da subida do nível do mar, dos eventos extremos e do sol inclemente. Só no Brasil, 358 mil foram obrigados a migrar no ano passado, de acordo com o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC, na sigla em inglês). Deixaremos o nosso Cariri no último pau-de-arara?
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