Com cidade “invadida” pelo concreto, Salvador põe à venda áreas verdes de pelo menos 12 bairros
Metro1 teve acesso a projeto da prefeitura que coloca em risco uma extensão de 111.841 m² de mata
Foto: Divulgação
Palco do modelo predatório onde o concreto é mais importante que o meio ambiente, a quarta maior capital do Brasil caminha para mais um capítulo de extinção da mata nativa.
O Metro1 teve acesso, neste sábado (16), a um projeto enviado pela prefeitura de Salvador à Câmara de Vereadores que põe em risco 17 áreas verdes da capital baiana, totalizando uma extensão de 111.841 m².
Há áreas a serem vendidas em 12 bairros: Porto Seco Pirajá, Stella Maris, Itapuã, Stiep, Itaigara, Rio Vermelho, Imbuí, Mata Escura, Pirajá, Moradas da Lagoa, Caminho das Árvores e na Barra. Com potencial para ser uma das cidades brasileiras com maior bioma, o poder público apenas assiste - e dá o aval - para a dessertificação da cidade.
Em 2020, a Prefeitura de Salvador assinou o Acordo de Paris, se comprometendo a cumprir metas até 2024 como a criação de novos parques, unidades de conservação, espaços verdes, corredores ecológicos e ampliação da arborização urbana. Tudo ficou apenas no papel.
A construção do BRT é um forte exemplo da relação de Salvador com o meio ambiente. Calcula-se que no percurso de construção existiam 579 árvores e outros vegetais. A prefeitura alega que conseguiu reduzir o impacto do projeto com o corte de “apenas” 154, a retirada de nove que estariam mortas, o transplante de 169 para outros lugares e a preservação de 247 delas. O resultado: derrubada de árvores centenárias e tamponamento de rios.
À custa de muito verde e equilíbrio ecológico, juntam-se ao BRT as construções do metrô, viadutos, vias expressas e grandes empreendimentos, como obras no bairro de Mussurunga que desmataram uma área remanescente da Mata Atlântica que servia como respiro ambiental para a população.
Espirgões na orla
As obras na orla não ficam para trás. Em 2021, trechos de Stella Mares, onde antes eram localizados a Mata de Restinga, foram cobertos por trechos de cimento para construir uma área de convivência. O problema se estende até hoje, ameaçando a vida das tartarugas marinhas e expulsando as aves.
À medida que o concreto se expande pela capital baiana, os soteropolitanos se questionam por quanto tempo áreas verdes ainda subsistirão na cidade.
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