Todo cuidado é pouco em um mundo onde até objetos domésticos de aparência inocente são capazes de espionar seu comportamento e desejos, e informar a respeito os interessados ocultos. De fato, todo cuidado é pouco e, na maioria das vezes, inútil.
Quando presidente, no auge de sua paranoia, Bolsonaro se escondia no Palácio da Alvorada com medo de ser atacado por um drone. Não raras vezes, abaixava-se para conferir se não havia uma bomba atada ao carro que o transportava.
Certa ocasião, filmado por um admirador, tentou tomar-lhe o celular. Foi quando ganhou o apelido de “Tchutchuca do Centrão”. Bolsonaro não ligou. Nessas horas, lembrava-se da facada que levou em Juiz de Fora em setembro de 2018 e que por pouco não o matou.
O governo Michel Temer foi quem comprou a ferramenta de espionagem “FirstMile”, desenvolvida pela empresa israelense Cognyte, e que custou a bagatela de 5, 7 milhões de reais, um terço do valor das joias dadas de presente a Michelle pela ditadura da Arábia Saudita. Bolsonaro quis ficar com as joias.
A ferramenta não entrou em ação de imediato; sabe-se, porém, que dela se valeu o governo Bolsonaro entre 2019 e 2021 via Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), órgão subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
Quando fugiu para os Estados Unidos para não dar posse a Lula, Bolsonaro passou a achar que poderia ser alvo de um ataque de drone. Por isso saía pouco de casa e usava celulares dos seus seguranças quando queria falar com alguém ou atender a ligações.
O medo da morte voltou a tomar conta dele depois de a Polícia Federal ter batido à porta de sua casa de veraneio em Angra dos Reis. O fantasma dos drones assassinos voltou a assombrá-lo.
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