Interior do Genaro por Vini Figueira, onde fica a pintura 'Festas Regionais' Divulgação
A escolha do restaurante Genaro nasceu do desejo de festejar uma longa e atormentada jornada com final feliz. Éramos quatro. Reservar pelo telefone poderia ter sido fácil, não fosse obrigado a passar pelo WhatsApp. Coisa dos novos tempos. Resta a saber qual a praticidade.Chegamos pontualmente às 12h30, trajados nas mais finas vestimentas domingueiras para programa tão sofisticado. Afinal, o concerto unânime dos elogios no Tripadvisor prometia uma festança palaciana.A sala é linda, com o magnífico trabalho de Genaro de Carvalho que, não tivesse marcado seu tempo como tapeceiro, teria sido um muralista digno dos maiores mexicanos. A solução do arquiteto para o espaço redondo não podia ser mais adequada e nossos assentos, muito confortáveis.
O garçom, muito educadinho, chegou recitando um texto sem que ninguém entendesse o motivo nem o sentido. Coisa da nouvelle cuisine. Só havia dois cardápios. Os outros comensais teriam que usar o celular. Coisa dos novos tempos. Mal montados, os cardápios escondem parte do texto. Pedimos uma garrafa de champanhe Veuve Cliquot. “Não temos”. Mas o meu celular diz que tem. “Então temos” retificou o rapaz com a maior calma.
Após este início um tanto caótico, estamos prontos para apreciar cada garfada da festança prometida. Os bolinhos de bacalhau, linda apresentação, excelentes, dignos da Ribeira do Porto. Pelo menos a mesa será memorável. Chegam as quatro meias lagostas nadando no caldo escuro dum prato fundo. Colírio para o olhar. Nem tanto para o paladar. O fruto, de tamanho regular, crocante, bem fresco. Os rigatoni supercozidos se desfazem ao simples toque do garfo. Tempero? Esqueceram. Sabor zero.
Na hora das sobremesas, a falta de excelência se confirma. Correto, abundante, mas sem surpresa. Parece que a definição de naked cake agora é “tendência”. Confesso minha total falta de paciência para com estes modismos. Mas o que marcou este momento que era para ser especial na perfeição anunciada, foi a fraca qualidade do serviço. Na sala quase vazia - quatro mesas ocupadas incluindo a nossa - você tem que, tal qual um naufragado, agitar desesperadamente os braços à procura de um funcionário para ser atendido. Perguntei onde estava o maître. Não temos. O sommelier, o que é isso? Para o restaurante de um hotel cinco estrelas, fica muito mal. O ar condicionado é tão exagerado “Não se pode mudar, é geral do hotel” que nos foram oferecidas mantas para colocar nos ombros para evitar o resfriado. Fui ao pipiroom duas vezes. Da primeira, não deixei de reparar que um garçom estava do lado de fora, fumando. Da segunda, foi a vez de descobrir onde estava o nosso, grudado no celular.
Constatei, mais uma vez que um restaurante quase vazio nunca é bom sinal.







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