A arte de rua tem ganhado cada vez mais força e revolucionado a maneira de nos expressarmos e de enxergamos a cidade, que tem virado uma grande galeria a céu aberto. De grandes murais a pequenas intervenções, nada passa despercebido.
O artista Isaac Cordal tem se dedicado a minúsculas esculturas espalhadas pelas ruas de todo o mundo. Apesar do tamanho, elas carregam uma importância enorme, munidas de críticas sociais, relacionadas a, por exemplo, alterações climáticas, desigualdade social e escravidão moderna.
Suas pequenas figuras de cimento são colocadas nas ruas exatamente para que todos tenham acesso à arte contestadora e carregada de ironia de Cordal. Apesar da temática forte, ele não se diz um pessimista em relação aos problemas do mundo, alegando que acredita em mudanças.
Em sua série “Waiting for Climate Change” (“À espera das alterações climáticas”), o conformismo social e desleixo da população parece ter, literalmente, afundado as esperanças de melhora. Pequenos seres, sempre de terno, em alusão ao capitalismo, e sempre homens, em alusão a desigualdade dos sexos, estão submersos parcialmente, boiando em águas sujas para chamar a atenção quanto ao recorrente problema da subida do nível do mar.
Impactantes, apesar de seu pequeno tamanho, os personagens retratam homens de negócios e políticos apáticos, atraídos pelo poder e a riqueza. A série “Follow the Leaders” (“Siga os Líderes”), mostra homens idênticos mediante o verdadeiro caos apocalíptico do colapso do sistema financeiro, situação criada por eles mesmos. Aliás, são estes personagens que acabam por gerar a nova escravidão, retratada em outra série regada a melancolia, solidão, tristeza e inferiores a tudo o que os cercam, medindo não mais do que 10 centímetros de altura.
Natural de Galiza, na Espanha, Cordal iniciou suas esculturas em 2002 e foi se aprimorando ao longo do tempo, levando-as para as ruas de Vigo, município espanhol, quatro anos depois. A arte efêmera faz com que qualquer pessoa possa dar um novo rumo e significado às miniaturas espalhadas por aí.
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