UM JOVEM COM UMA MANGUEIRA
Um adolescente teve uma mangueira de ar comprimido enfiada no ânus pelo dono de um lava jato na cidade de Campo Grande e morreu. Alegaram que era "brincadeira". Segundo relato do jovem no hospital antes de morrer, não foi uma brincadeira, ele foi agarrado pelo dono do lava jato e por outro funcionário, que só pararam quando o jovem começou a vomitar e a defecar.
Existe um detalhe importante: muitas brincadeiras machistas acabam em morte. Existe outro detalhe importante: no Brasil, o homossexual é perseguido muitas vezes na escola, na rua, no ambiente de trabalho e até por familiares. A pessoa não precisa ser gay ou se declarar gay para sofrer preconceito. Não importa saber se o adolescente morto era gay. Basta alguém achar para começar a agressão gratuita. Essa perseguição é chamada de "brincadeira" com o objetivo de naturalizar a violência. "Brincadeiras" do tipo olha o viado, gargalhar e apontar na rua o viadinho, bater e humilhar o viadinho. Matar o viado.
Essa manchete de hoje chocou muita gente, que ficou estarrecida com a crueldade. Mas infelizmente ainda vemos pessoas que se dizem cristãs dizendo que viado tem que morrer, que não é coisa de Deus. Essas pessoas acabam criando um imaginário social que encoraja situações de perversidade.
Há um imaginário socialmente construído que fomenta a violência e a morte de gays. O nome disso é homofobia. Você, que se acha cidadão de bem, que faz piada com viados, que ri quando um viado é humilhado na rua, que defende a morte de viados, saiba que você ajuda a matar essas pessoas. A mão imaginária de seu preconceito hoje ajudou a enfiar a mangueira no ânus desse rapaz que morreu de uma forma brutal.
Precisamos colocar o dedo na ferida do preconceito, a raiz dessas e de outras desgraças de nossa sociedade. Homofobia mata. Machismo mata. Racismo mata. Nunca esqueça disso: uma pessoa ser gay não afeta em nada sua vida, mas a sua homofobia mata todos os dias.
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