Fernando Coelho
Tempos difíceis. Quando o jornalismo se transforma num espectro de espetáculo, ampliando a degradação humana, perde a ética. Os criminosos são julgados pela Justiça.
Quando o jornalismo especula, expõe e danifica a humanidade que é obrigado a ter, diante de pessoas presas, algemadas, execradas diante da nação, trabalha a favor daquelas que, poderosos, se escondem em punições aplicadas a terceiros, seus cúmplices. Os corruptos brasileiros humilham o povo, roubam de crianças sem escola, de cidadãos sem saúde, matam o trabalhador.
Não cabe à imprensa julgar. Quando ela o faz, é tão arrogante e cínica, quanto os criminosos e os comparsas dos criminosos, que se escondem atrás de shows interpretados como jornalismo ágil. Não é. A Imprensa não tem direito de avacalhar qualquer cidadão. Não pode, a título de opinar, cometer os mais absurdos julgamentos públicos, e interpretações desastradas, exarados, nestes tempos cruéis, pelos apelidados comentaristas especializados. A Imprensa não pode fracassar, servindo às intenções do Poder Central, maculado o jornalismo, mal feito e orientado por instintos sem nobreza. Eike Batista, liquidado, continua pisado, mesmo morto. O que eu quero ver é a coragem da grande Imprensa exigindo a quebra do sigilo da delação premiada dos executivos da Odebrecht.
O que eu quero ver, é a grande Imprensa mostrar o que se arma de traição à decência, para a nomeação do relator da Lava Jato no STF. Mas isso eu não vou ver. A Imprensa que está aí, não tem coragem, não tem comando, não tem liberdade. É mais fácil mostrar presos com a cabeça raspada, e fingir que não existem mais ladrões, sentados nas altas cadeiras da República podre.
Os meus vários anos de profissão, na vala comum.
E só.
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