AQUÁRIO DO PANTANAL
Por José Sabino e Fabio Pellegrini

No mundo todo, existem aproximadamente 50 aquários dessa dimensão, ou seja, Campo Grande vai entrar para um rol de pouquíssimas cidades com atrações desse porte. Foto: Natureza em Foco
O Aquário do Pantanal começou a ser construído em maio de 2011 no Parque das Nações Indígenas, uma das mais paisagens marcantes de Campo Grande. A obra atrai a atenção por sua grandeza e características estéticas de sofisticadas linhas curvas, especialidade de Ruy Ohtake, renomado arquiteto contemporâneo que assina o projeto.
A execução do projeto foi marcada por admiráveis desafios técnicos e científicos. Algumas situações inéditas demandaram por enormes adequações, algumas delas na linha do “aprender- fazendo”, uma vez que não havia precedentes de obra desta categoria no Brasil.
Imagine um “Lego” gigante de 27 mil metros quadrados, cujas peças –muitas delas pesando dezenas de toneladas– foram fabricadas em diferentes países: estruturas metálicas feitas na Espanha, visores acrílicos construídos sob medida nos EUA e na Tailândia, e sistemas de bombeamento, filtragem e suporte à vida com componentes da Espanha e República Tcheca.
Um corpo de pesquisadores do Programa Biota-MS foi responsável por planejar aspectos do povoamento, composto por peixes, anfíbios, répteis, mamíferos e plantas terrestres e aquáticas que comporão o plantel do Aquário do Pantanal. Outro time de biólogos, arquitetos e fotógrafos refez a concepção biológica da cenografia de cada recinto, originalmente concebida com falhas conceituais.

Em julho de 2014, enquanto a obra estava a todo vapor, opositores e alguns veículos da mídia local bombardeavam desinformação à opinião pública. Foto: Natureza em Foco
Quando concluído, será um dos dez maiores aquários do mundo, com capacidade de 6,2 milhões de litros de água doce em todos os tanques. A visitação ao Circuito de Aquários –com 32 recintos que acolherão aproximadamente 15 mil animais, entre peixes, répteis e mamíferos– permitirá ver quase 150 espécies da fauna brasileira e mundial.
Em uma área externa, haverá o Jardim Aberto, composto por lagos representativos de ambientes pantaneiros. Além da exposição de animais, o empreendimento contemplará o Museu Interativo da Biodiversidade, a Biblioteca Digital, o Centro de Pesquisas em Biodiversidade, o Centro de Negócios em Bioeconomia, um restaurante e um amplo auditório para 250 pessoas, que terá um grandioso aquário de seis metros de altura com peixes do Pantanal.
Com 95% da obra civil concluída, infelizmente o aquário ainda não foi finalizado. A operação deverá ser feita pelo Grupo Cataratas S/A, empresa com vasta experiência na gestão de ecoturismo, que aguarda o término da obra para iniciar as atividades. O grupo administra o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, que recebe 1,5 milhão de visitantes por ano –dos quais mais de 740 mil são estrangeiros–, o Parque Nacional da Tijuca, onde está o Corcovado no Rio de Janeiro, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, em Pernambuco e, mais recentemente, o AquaRio, o Aquário Marinho do Rio de Janeiro.
O AquaRio está na área do Porto Maravilha, região portuária que foi revitalizada para as Olimpíadas do Rio. Desde a inauguração em novembro de 2016, vive lotado. Com atrações encantadoras, fascina um público de todas as idades. O tanque oceânico, que tem visores imensos na forma de túnel, é onde o público pode apreciar arraias, tubarões e outros peixes de médio porte.
Ponto máximo do atrativo, a maioria dos visitantes faz questão de tirar uma selfie. O preço do ingresso é de R$ 80, mas há preços diferenciados para moradores do Rio de Janeiro, menores de idade, maiores de 60 anos, estudantes e pessoas com necessidades especiais. Enfim, é amplamente acessível e oferece equipamentos de primeiro mundo.
Voltando ao nosso Aquário do Pantanal, do qual o Grupo Cataratas já se orgulha em seu site e em produtos de mídia, imaginem as possibilidades dos empreendedores trazerem parte dos visitantes dos parques que administram para Campo Grande.
Seguramente haveria desdobramentos positivos para Bonito, Pantanal e as outras regiões turísticas de Mato Grosso do Sul, como a Rota Norte, que tem grande potencial turístico. Como exemplo, se considerarmos os 200 mil visitantes anuais de Bonito, teremos um expressivo incremento na economia regional, uma vez que a maioria sequer fica uma noite em Campo Grande. A partir da previsão do número de visitantes, deverá ocorrer o aumento do número de voos comerciais, assim como a procura por serviços como hotéis, restaurantes, postos de combustíveis, táxis, entre outros.

Tanque principal do AquaRio: encantamento dos visitantes colabora com a conscientização do respeito à Natureza. Visitantes podem até mesmo deitar em almofadas e puffs para ficar admirando os peixes. Foto: Fabio Pellegrini
Além das funções de conservação da biodiversidade, lazer, turismo e pesquisa, equipamentos similares são avaliados como grande oportunidade para promover responsabilidades morais e a mudança de comportamento com o reconhecimento dos valores culturais da Natureza. Em um cenário mundial, o Aquário do Pantanal alinha Campo Grande com as metas da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, sintonizando a cidade com agendas planetárias de sustentabilidade e educação.
Muito mais do que um atrativo turístico de categoria mundial, o Aquário do Pantanal tem o potencial de educar como uma escola do século 21. Seu conceito expositivo foi concebido de maneira harmonizada com a chamada ciência-cidadã, que ajuda a construir um novo mundo para as gerações futuras, sendo também capaz de proteger as pessoas por promover o bem-estar e a saúde. Ao gerar respeito à Natureza e seu uso sustentável, trará extensa contribuição para o legado científico e cultural de Mato Grosso do Sul e do Brasil.
Nota dos autores: este artigo não pretende, de maneira alguma, procurar culpados pela paralisação da obra do Aquário do Pantanal, mas sim oferecer informações confiáveis e qualificadas que sirvam para esclarecer sobre a capacidade que um equipamento turístico de tamanha magnitude pode beneficiar a sociedade.
Se existem atos ilícitos, que sejam justa e adequadamente apurados e, eventualmente, os culpados punidos.
Este artigo foi originalmente escrito em 2015 e publicado no boletim do Programa Biota MS, edição número 2. Esta versão foi atualizada em janeiro de 2017 exclusivamente para este blog
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO Desde que haja uma manutenção séria e contínua para que os peixes não acabem morrendo antes do tempo!
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