Sergio Sobreira
Desde mais cedo vi vários amigos artistas subscrevendo e compartilhando uma carta aberta a Rede Globo, na qual exigem que, na produção da próxima novela da emissora a ser rodada na Bahia, os atores locais sejam escalados para personagens de destaque e não apenas para fazer figuração.
Para evitar treta, tinha decidido me omitir da discussão mas depois de um aparte certeiro de Bianca Araújo em um dos posts falando no assunto, decidi botar minha pitada de sal nessa moqueca.
Ponto para o manifesto.]
A escalação de um elenco é orientada SOBRETUDO por esse objetivo: quem são os atores e atrizes que gozam de popularidade e, por isso, SÃO CAPAZES de atrair o interesse do público e dos anunciantes. Para manter esse capital de imagem, artistas globais lutam ferozmente no canibalíssimo ringue do star system para capitalizarem todas as atenções. Autores, diretores e produtores estão articulados com esse jogo e são players ativos. Não tem ninguém inocente nem ingênuo nessa praia. Do mesmo modo, a voracidade da deusa novidade pede e novos rostos são introduzidos e testados. São promovidos na escala do estrelato tupiniquim à medida em que conquistam e desfrutam da volátil capacidade de chamarem a atenção da audiência. Na Globo há até um “laboratório” de formação de “talentos”, a longeva Malhação que se tornou um lócus de testagem dos novos rostinhos bonitinhos...
Televisão é um NEGÓCIO e como tal é orientada pelo lucro. Por mais que haja qualidade artística em produtos da teledramaturgia, os interesses determinantes são os do mercado. Portanto, se querem mesmo que a emissora os leve minimamente a sério, superem o protesto "vou bater o meu pezinho indignado” e se liguem nas regras do jogo. Então decidam se querem aderir e perseverar no negócio aderindo às suas engrenagens ou se o horizonte de realização profissional que vocês querem não inclui necessariamente participar de algo que, ao final de contas, é apenas um produto da cultura de massa.
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