segunda-feira, 20 de novembro de 2017

SALVE VERDI!

ENÉIDA LIMA
Reflexão lírica do domingo:
"Ah, fulano(a) tem uma voz verdadeiramente verdiana".
Resultado de imagem para RETRATOS DE VERDIJá li e ouvi isso algumas vezes nesta vida de cantora. E esta aqui que vos escreve, pergunta - De qual Verdi mesmo? Falando da minha categoria vocal de soprano: O Verdi da Violetta (La Traviata) ou o de Aida? São mundos bem diferentes... 
Assim como o Verdi da vilã Abigaille (de Nabucco) é bem diferente do Verdi da doce Gilda (Rigoletto), o da malévola Lady Macbeth nada tem a ver com a apaixonada Amalia (I masnadieri), o de Luisa Miller é um, o de Desdemona é outro, e até mesmo dentro de uma mesma ópera tem um personagem leve e outro mais pesado de mesmo tipo vocal, como é o caso de Viclinda e Griselda (I Lombardi alla Prima Crociata - Os lombardos na primeira cruzada), Jérusalem (Helène e Isaura) e Il Corsaro (Gulnara e Medora). 

Tem também ópera com versões diferentes, como "Simon Boccanegra", que tem a versão de 1857, mais belcantista (com a Amelia mais leve) e a de 1881, mais densa (com uma Amélia com voz também mais densa). 


Tem Elvira (Ernani) e Leonora (as duas, de "La Forza del Destino" e "Il Trovatore"), também contrastantes. Ah, e não poderia deixar de mencionar o lado comédia deste grande Mestre italiano (assim, com M maiúsculo), que tão poucas vezes demonstrou, como em Falstaff, sua última ópera antes de seguir seu rumo no Plano Superior nos braços do Altíssimo. 

Ali, personagens femininas de diferentes vozes se revezam, dentre elas, Nanneta, que se tiver oportunidade, terei o maior prazer de cantar (cuja ária belíssima compartilhei abaixo na voz sublime de Kathleen Battle - recomendo também a versão de Anna Moffo, também maravilhosa). 



E ainda tem Oscar, um personagem travestido, o pagem do rei em "Un Ballo in Maschera", escrito pra soprano ligeiro... E vejam que são óperas compostas em períodos diferentes, que dividem por fases e em todas elas ele nunca abre mão da variedade e da riqueza vocal dos seus personagens, de modo que não dá pra reduzir em apenas um tipo do que seria uma "voz verdiana". 

Existe o Verdi para vozes leves ou pesadas, dependendo do "pathos", do "caracter" que o compositor imprimiu em cada personagem dentro de uma ópera. São facetas de um compositor magnífico, interessante e incrível que mostram a versatilidade composicional de um verdadeiro gênio. 
Salve Verdi!

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