A Praça Jubiabá, na virada da Rua do Passo – centro
histórico de Salvador – fora concebida como espaço de lazer. Inaugurada com
grandes pompas pelo primeiro secretário de Cultura
do Jaques Wagner, não demorou seis meses para que mesas e bancos derretessem
com as chuvas. Muita areia para pouco cimento. De fácil alcance, a iluminação
foi roubada em menos tempo ainda. Abocanhando a área de atuação do IPAC e
usurpando seus poderes, a Conder virou rainha do pedaço. Sob o manto paternal
de um Escritório de (ou sem?) Referências, passou a operar sem qualquer
planejamento.
Concursos nacionais para ambiciosos
projetos sempre abortados, viagens internacionais para “repúblicas de
estudantes” abandonadas após um ano de obras, calçamentos de ruas do Pelourinho
anunciados na sala 01 do Glauber Rocha pelo governador Rui Costa, com desafinado
rufar dos tambores de Jesus, logo esquecidos... A lista das obras inacabadas dessa estatal impressiona. E irrita os contribuintes
conscientes.
Descartados os compromissos com o centro histórico, por
razões que a razão ignora, a Conder resolveu aprontar num conjunto de ruas da
Cidade Baixa, entre a Igreja do Pilar e a Praça Marechal Deodoro. Quem
frequenta a área – como eu quando a prefeitura se digna de operar o Plano Inclinado do Pilar – estranha o empenho em
destruir o que não precisava de conserto, recomeçando uma inútil obra, agora
com outra empreiteira “porque a primeira não tinha executado um bom trabalho”. Tal
qual a Odisseia, alguma Penélope desmancharia de noite o que fizera durante o
dia? Mas nois paga!
Nas traseiras da Secretaria da Fazenda, formando um U com
dupla escadaria, a elegante balaustrada dos anos 50, sem manutenção, fora
depredada e muitas peças surrupiadas. Louvou-se a iniciativa de recuperar o
conjunto. Mas já lá vão seis meses, e o que era para ser executado em poucas
semanas ainda está pela metade. Perguntando o porquê, a resposta foi clara: “É
que ás vezes mandam a gente para outra obra” Já vou avisando: documentei por
fotos as várias fases do gasto descontrolado. Ninguém gosta de ser ludibriado.
Enquanto isso, entre muitas outras, as ladeiras do Taboão e
do Berquó parecem palco da guerra na Síria. E bem perto de minha casa, em pleno bairro do Santo Antônio, a Ladeira do
Boqueirão está em situação de calamidade pública, agravada pela presença de uma
secretaria municipal. É que, em vésperas de eleições, não vamos dar mole para o
inimigo! Que moradores e turistas sofram com o descaso não tem a mínima relevância.
Em novembro passado, conversando com um funcionário da
Conder, este me assegurou que eu não sou uma voz no deserto. Muitas são as
queixas. Suponho o governador ser o único satisfeito.
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde 10/03/18
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