sábado, 12 de maio de 2018

VINAGRE NO ACARAJÉ

Ana Maria Muniz

Resultado de imagem para fotos de cidades reconstruidas depois da guerra
Quando a chamada Segunda Grande Guerra acabou na verdade foi uma só com uma trégua, os moradores das cidades bombardeadas tanto nos países do Leste quanto o Oeste Europeu, tomaram a si a responsabilidade de reconstruí-las mantendo as características originais das construções. 
Hoje são cidades belíssimas sem abrir mão das moderna tecnologias, usadas para aprimorar o que já existia. Esse trabalho ainda não acabou, principalmente na parte Oriental de Berlin que até 1989 viveu sob o regime do atraso. 
Faço esse paralelo para ilustrar que não está na índole do povo brasileiro em geral, e do soteropolitano em particular, ter a cidade como sua casa. Haja vista a quantidade de prédios históricos que foram demolidos em nome de uma modernidade apregoada por muitos. 
Modernidade esta que deixou Salvador sem identidade arquitetônica, transformando antigos sítios em um amontoado de construções sem estilo. 

Cine-Teatro Jandaia
As ruas da Misericórdia, Chile e entorno são um bom exemplo, mas a lista é grande. Vai dos contrafortes de Santo Antônio Além do Carmo até o marco da chegada de Tomé de Souza. O que não está sendo usado pelo Município transformou-se em pardieiros. Gostaria de saber se essa turma que está enchendo os pocavas por conta do BRT, já se deu ao trabalho de circular pelo Centro Antigo, que de Histórico resta pouco, observando o que ainda resta e propor uma campanha de resgate da memória arquitetônica da cidade. 
Gostaria de saber se os ativistas de ocasião se perguntam o que havia no lugar onde eles moram hoje.

Não sou a favor de BRTs, VLTs e os escambau. Também não sou contra à implantação de soluções que beneficiem toda a população, independente do status social. O que considero insuportável é a hipocrisia, o oportunismo.


Ainda na última década do século passado conheci o projeto de revitalização do Comércio. Um evento com renomados arquitetos de interiores ocupou dois imóveis em um dos quarteirões no sopé da Ladeira da Montanha. Dizia-se que serviriam como referência para o projeto. E até hoje nada. A única ocupação efetiva foi feita por faculdades. 

O assunto é extenso, polêmico e, é claro, está ligado à política partidária, seara da qual prefiro me manter à distância. Passa também pelo hábito alienígena de colocar sal e limão na latinha de cerveja e vinagrete no acarajé. Fui!!! 

PS: onde estavam os eco-chatos quando o Horto Florestal foi transformado em condomínios de alto luxo? Me poupem!

2 comentários:

  1. Muito obrigada pelo espaço e pelas fotos que enriqueceram o texto.

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  2. A cada notícia de destruição da história de Salvador, o coração dói perante a insensibilidade dessa gente que deverias cuidar. Vc está sempre certíssimo Sr. Dimitri. Ah se os nativos no poder amassem essa cidade como vc a ama!

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