domingo, 27 de maio de 2018

É LOCAUTE, SIM!


O jornalista Elio Gaspari publicou este texto em sua coluna de hoje na Folha de SP. É bom que se leia para que se conheça o que acontece, em essência, na tal greve dos caminhoneiros, que mergulhou o país no caos. Por isso, compartilho.


                           "Greve de caminhoneiros".
Onde?

Protesto de caminhoneiros bloqueia a Rodovia Régis BittencourtSP - CAMINHONEIROS/PARALISAÇÃO/DIESEL/RÉGIS - ECONOMIA - Protesto de caminhoneiros bloqueia a   Rodovia Régis Bittencourt, na altura do   quilômetro 280, próximo ao município de   Embu das Artes (SP), nesta sexta-feira,   25. Pelo quinto dia seguido,   caminhoneiros protestam contra a alta   no preço do diesel e bloqueiam rodovias   em todo o país.   25/05/2018 - Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDOEditoria: ECONOMIALocal: Embu das ArtesIndexador: FELIPE RAUFotógrafo: ESTADÃO CONTEÚDO

De uma hora para outra, houve uma greve de caminhoneiros, e o presidente da Petrobras, Pedro Parente, tornou-se o responsável por dias de caos. Duas falsidades.
O que houve não foi uma greve de caminhoneiros, mas uma doce parceria com os empresários do setor de transporte de cargas rodoviárias. Diante dele, o governo capitulou. A repórter Miriam Leitão mostrou que só 30% dos caminhões pertencem a motoristas autônomos.
Na outra ponta estão pequenas empresas subcontratadas e grandes transportadoras. Uma "greve de caminhoneiros" pressupõe greve de motoristas de caminhão. Isso nada tem a ver com estradas bloqueadas.
Pedro Parente não provocou o caos. Desde sua posse na presidência da Petrobras ele descontaminou-a do caos que recebeu. Na base dessa façanha esteve uma nova política de preços acoplada ao valor do barril no mercado internacional. É assim que as coisas funcionam em muitos países do mundo. Se o preço do diesel salgou a operação do setor de transporte de cargas o problema é dele, não de uma população que foi afetada pelo desabastecimento e agora pagará a conta. Os empresários sabiam muito bem o tamanho da confusão que provocariam.
O sujeito oculto da produção do caos foi o governo de Michel Temer. No seu modelito Davos, orgulhou-se da política racional de preços dos combustíveis. Já no modelito MDB-DEM-PP-PR-PPS, fez de conta que ela não teria custo político.
Deveria ter provisionado um colchão financeiro para subsidiar a Petrobras, mas essa ideia era repelida pelos sábios da ekipekonômica. Diante do caos, descobriram que o colchão era necessário.
O governo tolerou a bagunça e associou-se ao atraso. A primeira reação de Temer deveria ter sido a responsabilização dos empresários, desmistificando a ideia de "greve dos caminhoneiros". Bloqueou estrada? Reboco o caminhão, caso ele não pertença ao motorista. Queimou o talonário do policial que multou o veículo? Prendo-o. Só mudou o tom e exerceu a autoridade na sexta-feira, usando a força federal para desobstruir estradas.
Desde o primeiro momento tratou-se do caso com o gogó, deixando que o problema deslizasse para a Petrobras e seu presidente. Conseguiram piorar a discussão, beneficiando grupos de pressão, com o dinheiro dos outros.

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