sexta-feira, 14 de setembro de 2018

LA CATHÉDRALE ENGLOUTIE



DEBUSSY, CLAUDE-ACHILLE (1862-1918)

FRANCÊS – ESCOLA NACIONALISTA FRANCESA – 227 OBRAS  

Debussy surgiu como um inovador radical dentro da cena musical francesa do final do século XIX. Ele mudou o curso da história da música francesa virtualmente sozinho. Dissolvendo regras e convenções tradicionais numa nova linguagem de possibilidades insuspeitadas em harmonia, ritmo, forma, textura e timbre, Debussy criou um rico acervo de obras que deixou marca indelével na música do século XIX.

PRELÚDIOS

Os Prelúdios de Debussy foram compostos entre 1909 e 1913 e são ao todo 24, divididos em dois cadernos de 12 Prelúdios. Ao contrário dos de Johann Sebastian Bach e de Frédéric Chopin, não possuem nenhum relacionamento tonal, mas se sucedem em uma ordem puramente estética e contrastante. Para muitos, eles são o primeiro passo da música moderna no século XX, particularmente o segundo caderno, onde já no prelúdio inicial Brouillards encontramos o bitonalismo, e onde também a própria notação é muito mais sofisticada e inovadora. Eles são um misto de imaginação, lugares exóticos, mitologia, citações poéticas, fadas, ninfas d’água, duendes e personagens como um típico herói de Dickens – com direito a uma citação do God Save the King, chegando ao encerramento do ciclo com os Fogos de Artifício onde ouvimos até um trecho de La Marseillaise, como em uma genuína comemoração nacional francesa. Os títulos foram dados pelo compositor com o intuito de criar imagens e associações sensoriais no ouvinte e, por esse motivo, aparecem na partitura no final de cada peça.

LA CATHÉDRALE ENGLOUTIE (A CATEGRAL SUBMERSA)

Publicada em 1910, é o décimo prelúdio do Livro 1. Como essa peça é baseada numa lenda, pode ser considerada como Música de Programa.

A Lenda dos Ys: segundo um mito do povo Breton, existia uma catedral submersa na costa da Ilha de Ys, que submergia em manhãs claras quando a água estava límpida e transparente. Podia-se ouvir o cântico dos monges, as badaladas dos sinos e a melodia dos órgãos. Debussy usa as características da música impressionista para nos remeter a esse enredo. Ouvindo a música a fantasia nos leva para as profundezas do mar, a luz se filtrando através das águas inquietas, vitrais de corais, anemonas, peixes coloridos. E se ouve o som dos sinos misturado ao silêncio das águas.

Debussy usa nesse prelúdio quintas e segundas paralelas e sons agudíssimos e gravíssimos, sem passar pelos registros médios. As quintas e segundas paralelas causam suspensão da tonalidade e eram muito usadas pelos compositores da Idade Média – exatamente a época em que surgiram as catedrais.

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