terça-feira, 20 de agosto de 2019

UMA FREIRA MUITO... ALEGRE!

Madre Paula

Esta freira portuguesa que se destacou como a amante mais célebre do rei D. João V, chamava-se Paula Teresa da Silva e Almeida, e nasceu em Lisboa em 30 de Janeiro de 1718. Era neta de João Paulo de Bryt, de nacionalidade alemã, que fora soldado da guarda estrangeira de Carlos V, e se estabelecera em Lisboa como ourives.
Paula entrou para o convento de Odivelas aos dezassete anos de idade, e ali professou, após um ano de noviciado. D. Joao V, frequentador assíduo do convento de Odivelas, onde mantinha vários amantes que ia substituindo conforme lhe parecia, ao topar com a jovem Paula ficou loucamente apaixonado por ela. Nessa altura, já a famosa freira se havia tornado amante de D. Francisco de Portugal e Castro, conde de Vimioso, e que pouco antes tinha sido agraciado com o título de marquês de Valenças.
O soberano não teve problemas, chamou o fidalgo e disse-lhe: “Deixa a Paula, que eu te darei duas freiras à tua escolha”. Assim se fez, e soror Paula passou a ser amante do rei que era trinta anos mais velho do que ela. A influência de Madre Paula sobre o rei foi imensa. Quem carecesse de uma mercê do soberano já sabia que a maneira mais segura de a conseguir, seria recorrer às valiosa protecção da madre Paula que o soberano visitava todas as noites.
A astuta freira, que sabia muito bem aproveitar-se do rei, transformou-se em pouco tempo numa verdadeira Pompadour. Das numerosas amantes de D. João V, foi a madre Paula a única que o soube dominar até à morte. O rei foi extremamente generoso não só com ela como também com a sua família, chegando o pai de Paula a ser agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem de Cristo e a receber uma tença de doze mil Reis e outros benefícios que lhe permitiram viver à larga.
O luxo em que vivia Paula no convento de Odivelas, foi bem reproduzido num documento da época por Ribeiro Guimarães no seu Sumário de Vária História, onde descreve a magnificência asiática dos aposentos da madre Paula e da sua irmã. Para a servir tinha a madre Paula nove criadas. Destes amores nasceu um menino que foi baptizado com o nome de José, como o príncipe herdeiro, que foi chamado o mais jovem “Menino de Palhavã” e veio a exercer as funções de inquisidor geral.
Mais tarde, nos tempos de Pombal, numa discussão, atirou-lhe com a cabeleira à cara e foi desterrada para o Buçaco. A vida desregrada do rei escandalizava, não só a corte, mas até os súbditos mais humildes, mas ninguém se atrevia a repreender o régio devasso.
Após a morte do rei que lhe deixou uma mesada principesca, continuou no seu recolhimento, recebendo os grandes que ainda se lhe aproximavam. Assim se conservou durante trinta e cinco longos anos com a altivez de uma soberana em exílio. Faleceu com 67 anos de idade e foi sepultada na Casa do Capitulo do Convento de Odivelas.

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