sexta-feira, 5 de março de 2021

A CONDER, O MINISTÉRIO PÚBLICO E EU

 

Estado da obra em 05/03/21 Mais de um ano depois de iniciada.


Recebi em fim de fevereiro do MP um parecer de oito páginas respondendo à minha queixa de junho passado a respeito da obra da Conder na rua Direita de Santo Antônio. A leitura fez quase me sentir réu, culpado de difamação ou débil mental. Os todo-poderosos órgãos estatais sempre têm razão. Ainda mais quando têm a conivência de uma Associação dos Moradores do Centro Histórico de Salvador. Sem duvidar da idoneidade desta nobre instituição, confesso nunca ter ouvido falar dela no bairro de Santo Antônio. O que me leva a duvidar de sua legitimidade para tratar do caso. Existe documento assinado por ela após análise embasada do projeto? Houve assembleia para discuti-lo? Porque nem eu ou nenhum dos meus vizinhos fomos convidados?

O fato é que a obra foi iniciada antes do carnaval de 2020 e programada num primeiro tempo para terminar em outubro do mesmo ano. Atrasada, a Conder se comprometeu então com o MP a concluir em 30 de dezembro. Após o Réveillon acordamos com a mesma poeira, a mesma barulheira e as mesmas escavações.

 Agora a promotoria do Meio Ambiente afirma que a obra terminaria em 28 de fevereiro. Supondo que a Doutora Promotora não veio pessoalmente verificar, documentei com fotos o estado da rua naquele dia. Que tal o MP acertar outra data? Julho, talvez?

Precisei ler o parecer várias vezes – “sem respaldo técnico” como falou um arquiteto com juvenil arrogância - até me acostumar a decifrar as diversas informações. Entre estas um fato interessante: o arquiteto responsável pelo projeto não tem a mínima familiaridade com restauração e preservação de centros históricos. Nem sombra! É só abrir o Google. Será que não existe na Bahia um profissional competente no ramo? Custa a acreditar. O resultado é aquilo que já se pode constatar: uma total indigência de conceito. Mais para Imbui que para Cartagena de Índias.

Vamos aos detalhes. A substituição do antigo meio-fio por granito hidrojateado por razões de segurança de transeuntes e facilidade de manutenção (sic) não se sustenta. Conversa fiada. A motivação deve ser outra. Tanto que na obra da rua e ladeira do Carmo, o “perigoso” meio-fio original foi mantido. Outro questionamento: os paralelepípedos têm a metade do tamanho dos originais. Por quê? Quanto às pedras portuguesas, o resultado é simplesmente vergonhoso.

E o Iphan? Um órgão que permite descaracterizar o largo da Vitória, derrubar casarões na Ladeira da Misericórdia, ignora as esquadrilhas de alumínio, os ostensivos puxadinhos e caixas d´água, as fachadas pintadas com acrílico, abandona monumentos e sítios do Recôncavo e fecha os olhos às construções de imóveis inteiros neste mesmo bairro de Santo Antônio, não pode ser levado à sério. Perdeu legitimidade.

                         OUTRAS FOTOS TIRADAS NA SEXTA-FEIRA                                        5 DE MARÇO DE 2021



Chama a atenção o número muito reduzido de operários nesta obra





2 comentários:

  1. Vou mandar para o IAB.
    Parece filme de terror.
    Ultimamente o MP-BA tem-se manifestado a favor de devastações e assemelhados: parque do Abaeté dentre outras.
    Você deveria ter nomeado a tal Promotora ou pelo menos informado o número da Promotoria.

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  2. IAB, CREABa. MPBa, IPAC. Não existem, são obras de ficção !!

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