segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O CUPIDO DE VERMEER

 Já se vê o Cupido que Vermeer pintou

Lucinda Canela (Público)



Com a parede despida, a jovem mulher estava apenas a ler uma carta. Agora que se vê o Cupido que Vermeer pintou em fundo, passou a ter nas mãos uma carta de amor. A Gemäldegalerie Alte Meister de Dresden, na Alemanha, apresentou recentemente à imprensa uma das suas obras mais famosas, terminado que está o restauro a que foi submetida, feito depois de um estudo ter concluído que, quando Vermeer acabou Rapariga lendo uma carta junto a uma janela aberta (c. 1657-1659), o quadro era bem diferente. 

Há já quatro décadas que os técnicos do museu sabem que o artista fizera uma pintura dentro da pintura, representando o deus do amor. Viram-na, pela primeira vez, em 1979, quando a obra foi radiografada, e voltaram a vê-la em 2009, através da reflectografia de infravermelhos, uma técnica usada para aceder ao que a camada cromática esconde. 

Tanto numa altura como noutra, escreve o Art Newspaper, os especialistas acreditaram que o próprio Vermeer se arrependera do seu Cupido e o cobrira. Só depois de removido o verniz que a protegia começou a ganhar terreno a ideia de que não fora o pintor a abdicar dele. Os técnicos descobriram que entre o Cupido e a tinta que o cobria havia uma camada de ligante e outra de sujidade. 

Assim sendo, passaram a defender que várias décadas separavam a imagem da divindade da camada que a escondia, concluindo, assim, que o repinte não podia ser de Vermeer. A pintura será a estrela da exposição que é inaugurada a 10 de Setembro nesta galeria alemã.

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