22 de maio de 1885, morte de Victor Hugo
Para homenageá-lo, pensei em compartilhar com vocês um momento comovente da vida do artista quando a filha Léopoldine morreu afogada.
Helena Lacerda
"Ontem, eu acabara de correr ao sol pelos pântanos; Estava cansado, tinha sede, cheguei a uma aldeia chamada, creio, Soubise, e entrei num café. Os garçons me trouxeram uma cerveja e um jornal, 'Le Siècle'. Foi assim que soube que metade da minha vilmeu coração estavam mortos", escreveu Victor Hugo para a amiga Louise Bertin sobre a filha Léopoldine, que morreu afogada, no dia 4 de setembro de 1843.
"Demain, dès l'aube, à l'heure où blanchit la campagne,
Je partirai. Vois-tu, je sais que tu m'attends.
J'irai par la forêt, j'irai par la montagne.
Je ne puis demeurer loin de toi plus longtemps.
Je marcherai les yeux fixés sur mes pensées,
Sans rien voir au dehors, sans entendre aucun bruit,
Seul, inconnu, le dos courbé, les mains croisées,
Triste, et le jour pour moi sera comme la nuit.
Je ne regarderai ni l’or du soir qui tombe,
Ni les voiles au loin descendant vers Harfleur,
Et quand j'arriverai, je mettrai sur ta tombe
Un bouquet de houx vert et de bruyère en fleur."
[Amanhã, de madrugada, clareando a campina, / Eu partirei. Tu vês, sei que estás a me esperar. / Eu irei pela floresta, irei pela colina. / Muito tempo longe de ti não posso ficar. // Eu irei com os olhos fixos na minha mente, / Sem nada ver ao meu redor, sem ouvir um pio, / Ignorado, curvado, mãos cruzadas – somente, /
O dia pra mim será como a noite – sombrio. // Nem o dourado da noite que cai, olharei, / Nem ao longe as velas para o Harfleur, partindo, / Porei na tua tumba quando lá chegarei / Um buquê de azevim e de urzes florindo.]
Léopoldine é a filha mais velha de Victor Hugo. Quando ela tinha apenas 16 anos, apaixonou-se loucamente por Charles Vacquerie, pouco mais velho que ela. Victor Hugo julga a filha muito jovem para pensar em casamento. Léopoldine, no entanto, sabe ser paciente e, três anos depois, ousa opor-se ao pai e o casamento acontece no dia 15 de fevereiro de 1843.
Em 4 de setembro de 1843, em sua casa de férias em Villequier, às margens do Sena, o casal decidiu pegar um veleiro para chegar à outra margem, acompanhado pelo tio de Charles e o filho de 11 anos.
Enquanto o tio está no leme, uma rajada de vento tão violenta quanto inesperada vira o navio. Da margem oposta, camponeses são testemunhas da cena. Eles vêem Charles emergir e imediatamente mergulham sob o casco do navio. Ele ressurge e desaparece novamente, seis vezes seguidas.
Infelizmente, os esforços para salvar a sua esposa que ficou presa sob o navio feitos em vão.
Ao seu redor, ele logo vê os corpos sem vida do tio, do sobrinho e da amada esposa.
Existem diferentes versões deste trágico acidente. Teria Leopoldina se agarrado com a energia do desespero sob a canoa virada, não ousando seguir o marido que a incitava a mergulhar com ele? Ou seriam as dobras de seu vestido que teriam ficado presas em algum lugar?
Vendo que não podia salvar a mulher que ama, Charles, que também é um excelente nadador, decide se deixar afundar. Os quatro corpos serão recuperados algumas horas depois. Léopoldine ainda não tinha 20 anos, o marido, 26.
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