As obras de revitalização do casario do Largo do Boticário, em fase final, estão chamando muita atenção por quem passa pela região, perto da entrada do Túnel Rebouças. Sua finalização está prevista para julho e, ao que indica tudo estará pronto, por dentro e por fora, para a inauguração do hotel Jo& Joe , marca mais descontraída da rede francesa de hotéis Accor , que adquiriu todos os imóveis que compõem o charmoso logradouro em 2017, numa intrincada operação conduzida pela imobiliária Sergio Castro .
O empreendimento ocupará uma área construída de 4.158 metros quadrados dentro de uma superfície de terrenk total de seis mil metros quadrados. Ao todo, serão 80 quartos que poderão acomodar até dez pessoas, mas também haverá acomodações privativas. O complexo contará com restaurante, dois bares e espaço de coworking que poderão ser frequentados não apenas por hóspedes. Haverá ainda áreas sociais, três piscinas, salão de jogos e um terraço com cadeiras de praia e vista para o Cristo Redentor. O investimento total ficou em torno de R$ 70 milhões, incluindo a compra das seis casas, que pertenciam, em sua maioria, a Sybil Bittencourt, herdeira do extinto jornal Correio da Manhã.
Com a construção do novo hotel, a Accor se comprometeu a realizar a requalificação e restauração completa do complexo, que foi tombado em 1987 pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultura (Inepac), respeitando o projeto original. Os imóveis foram construídos pelos pais de Sybil com partes e peças originais (cantarias, gradis, azulejos, mármores) obtidas com a demolição do conjunto arquitetônico da praça onze original. Olivir Hick , CEO das marcas Econômicas e Midscale da Accor no Brasil, disse em entrevista ao GLOBO que a revitalização do Largo do Boticário é um presente para o Rio e o Brasil. “Ao reabilitar um local histórico, criamos um novo ponto turístico. O projeto de reavivar os casarões manterá a identidade clássica do local e proporcionará opções de acomodação e entretenimento, tanto para hóspedes quanto para moradores da cidade” , completou Hick.
Para celebrar a empreitada, a empresa produzirá e publicará um livro que conta a história do local e mostrará o desenvolvimento dos trabalhos de revitalização arquitetônica com supervisão feita pelo Inepac. Em “Largo do Boticário: história e requalificação”, os autores Sérgio Lamarão e Luis Octavio Gomes de Souza contam em detalhes toda a história do cartão-postal carioca. Nos anos 1990, Sybil Bittencourt , a herdeira da família Bittencourt , última dona do conjunto, deixou de lado a conservação dos imóveis, que chegaram a ser invadidos por moradores sem-teto, e por ex-empregados da família, assunto que só foi resolvido com a contratação, na época, da Sergio Castro Imóveis , que assumiu a gestão dos bens, organizou-os comercialmente para a venda e diligenciou, ao lado de moradores do entorno, pela mudança da legislação urbanística local. A empresa chegou a levar uma maquete do conjunto para feiras imobiliárias no exterior, tendo tido destaque na imprensa o interesse de árabes e chineses pelo negócio, que por fim acabou nas mãos hábeis dos franceses, donos de uma das maiores redes hoteleiras de todo o mundo.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO . Excelente inciativa.
Tem muitos anos que sonho com idêntica recuperação de quatro praças no centro histórico de Salvador:
* O Largo da Quitandinha do Capim , na beira do bairro de santo Antônio em direção ao Barbalho. Belo espaço com interessante conjunto de imóveis de estilo eclético, totalmente desprezado pelo IPHAN (como de costume)
* A Praça dos Veteranos , onde fica o curioso quartel dos Bombeiros e a Casa de Angola. Nunca entendi porque a Odebrecht, que fundou esta Casa de Angola unicamente com fins políticos/profissionais, nunca teve o compromisso de recuperar a praça toda. Com os bilhões que ganhou de tantas formas...
* A Praça dos Quinze Mistérios , também no Santo Antônio. Pequena, mas com alguns imóveis bem interessantes.
* O Largo de São Bento . Com a Biblioteca Anísio Teixeira quase totalmente recuperada (Bravo!) e a bela igreja de São Bento, só falta mesmo o antigo Hotel São Bento, que poderia ser uma República de Estudantes.
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