O OLHO E O OLHAR DE DIMITRI
O que fascina em Dimitri é
seu olhar, como pessoa e como fotógrafo. Como pessoa, Dimitri tem um olho agudo
e, apesar da idade avançada, enxerga muito bem sem nunca usar óculos. Talvez
mais importante, Dimitri mantém o olho espantado e maravilhado de uma criança,
nunca irônico, raramente cansado e nunca “blasé”. Essas qualidades obviamente alimentam
seu trabalho como fotógrafo. Ele vê coisas
às quais a maioria de nós não prestamos atenção: a textura de uma parede, a
posição de uma árvore, a mera beleza de uma pedra, o ângulo de um prédio, a
peculiaridade de uma sombra. Dimitri não anda com uma maquina sofisticada, mas com
uma câmera simples que lhe basta já que seu olho identifica elementos melhor do
que uma lente de ultima geração.
Eu enxergo bastante semelhanças entre o trabalho de Dimitri e o do famoso fotógrafo Húngaro-Francês Brassaï: sua capacidade de extrair a essência de um lugar em poucos clichés, seu talento para fotografar esculturas, seu interesse em figuras pitorescas e prédios altos. Brassai foi também o primeiro a identificar a importância da fotografia na obra de Marcel Proust de quem se celebra o centenário neste ano. Em “A sombra das moças em flores”, Proust definiu a fotografia como “uma imagem singular de coisa conhecida, imagem diversa das que temos o costume de ver, singular e entretanto verdadeira, e que por esse motivo é para nós duplamente surpreendente porque nos assombra, faz que saiamos de nossos hábitos e, ao mesmo tempo, faz-nos entrar em nós mesmos ao nos recordar uma impressão.”
O trabalho fotográfico de Dimitri ilustra perfeitamente essa definição.
Bernard Attal
Trapicheiro e Cineasta
Eu li, viu.
ResponderExcluirProgramando para ir.
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