- Por que você dança?
- Não há um "porque", eu danço.
- Você é um artista plástico que dança?
- Sim... Ou um dançarino que pinta, o que você preferir.
- Desde quando você dança?
- Desde sempre.
- No que você pensa quando dança?
- Eu não penso, eu sinto.
- Sente o que?
- Amor.
- Amor?
- Sim.
- Mas... por que?
- Não há um "porque" para o amor.
- Sente algo mais?
- Vida.
- Como assim?
- Alguns, apenas alguns, fazem nesta terra aquilo para o qual foram criados. Esses vivem. Outros sobrevivem... Quem dança vive.
- A dança é algo essencial?
- Respirar é essencial? Respondi sua pergunta primária?
(sorrisos de "canto de boca" - silêncio)
- Mas... há um "preço" por essa escolha...
- Por dançar? Sim, há.
- É caro?
- Não importa.
- Você pagou este preço?
- Ainda pago.
- Você deve dançar para alguém...
- Também, quero dizer, não só para alguém, ou por uma razão... Você dança porque nasceu para dançar, assim como pinta porque os quadros já existem dentro de você, você apenas os liberta; assim é com a dança, ela já se movimenta dentro de você, se não a liberta é capaz de... nem sei! Uma formiga faz seu trabalho sem questionar, pássaros voam sem questionar, peixes nadam... homens, alguns matam, outros preferem fazer aquilo para o qual foram criados: AMAR.
Eu danço, pinto, amo.
(silêncio - trocam olhares)
- Você dança sempre?
- Só quando amo.
- Quando você ama?
- Quando danço.
(sorriem)
- Quer dançar comigo?
- Não sei, não sei se tenho coragem... tenho medo.
- Entendo... eu assusto mesmo, eu danço.
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