ÂMGELO SERPA
Professor
titular da UFBA e pesquisador do CNPq - angserpa@ufba.br
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Segundo
a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), em junho o desemprego
na Região Metropolitana de Salvador atingiu um total de 465 mil pessoas,
correspondente a 24,8% da População Economicamente Ativa. Salvador, com
economia fortemente baseada no terciário, vê mês a mês cair seu volume de
serviços.
Nesse
contexto, causa espanto a ação da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop)
e da Guarda Municipal no bairro de Santo Antônio em julho, retirando e
apreendendo mesas e cadeiras dos bares localizados na Cruz do Pascoal. A ação foi documentada em vídeo que circula
nas redes sociais e demonstra falta de diálogo com os donos dos bares, que há
décadas colocam suas mesas ali, uma tradição do bairro. O vídeo mostra
protestos contra a ação da Semop, classificada como “truculenta” pelos
presentes.
Nas
imediações da Avenida Sete, ambulantes foram relocados de seus pontos originais
para ruas transversais, vendo diminuir progressivamente os ganhos. Pesquisa
realizada por estudantes de Geografia da Ufba comprova que, com a relocação, as
vendas caíram significativamente. É fácil compreender porque alguns ambulantes
retornam aos antigos pontos para garantir sua sobrevivência.
Tentativas
de “disciplinar” de forma coercitiva o comércio de rua têm sido também uma
constante no Carnaval. Na folia de 2016 houve protestos de ambulantes, tratados
do mesmo modo pelo poder municipal, por não se adequarem à venda exclusiva das
marcas de cerveja patrocinadoras da festa que, com isso, ganham da prefeitura
direito de monopólio em áreas públicas da cidade.
Todos
esses fatos mostram que o ordenamento territorial não pode se dar sem diálogo
constante com a população, que ações coercitivas são um sinal de que
participação e transparência se tornaram artigos de luxo em Salvador,
inviabilizando o trabalho de milhares de pessoas, em tempos de forte crise do
emprego na metrópole baiana.
Jornal A TARDE -
02/08/2016
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