domingo, 19 de janeiro de 2020

A ÁGUA SUJA DO RIO

Cedae engaveta há 10 anos obra que evitaria crise da água no Rio

Foto aérea mostra poluição da água em ponto de captação na ETA do Rio Guandu na Baixada Fluminense - Divulgação/Comitê Guandu

A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), empresa pública responsável pelo saneamento básico do Rio de Janeiro, protela desde 2009 a execução de uma obra emergencial que evitaria a crise no abastecimento do Grande Rio. O projeto, orçado à época em cerca de R$ 33 milhões, reduziria a chegada de esgoto no lago onde ocorre a captação de água na ETA (Estação de Tratamento de Água) Guandu, localizada no rio de mesmo nome, no limite entre os municípios de Nova Iguaçu e Seropédica, na Baixada Fluminense

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a presença de esgoto nos mananciais que abastecem a estação é a principal causa para a proliferação de cianobactérias responsáveis pela liberação da geosmina —substância que deixa gosto e odor terrosos na água. Atualmente, cerca de 9 milhões de pessoas no Rio e em outras sete cidades da região metropolitana consomem a água produzida pela ETA Guandu. O projeto, chamado oficialmente de "Obras de proteção da tomada d'água da Cedae no Rio Guandu", foi incluído no Plano Estratégico de Recurso Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu Mirim, de 2006. Em 2009, foram concluídos os estudos de impacto ambiental para a ação da obra —considerada emergencial àquela altura.

O projeto consistia na "construção de um dique associado a estruturas hidráulicas de desvio", que impediriam a chegada do esgoto dos afluentes do Rio Guandu à lagoa de captação de água para a estação. A obra, contudo, não substitui a necessidade de tratamento do esgoto. A Cedae só concluiu a licitação da obra em 2013, contratando a empreiteira Construtora Metropolitana S/A para os trabalhos. Segundo ação civil pública movida pelo MPF (Ministério Público Federal) do Rio em 2018, o contrato foi interrompido em março de 2015. A justificativa foi que, entre 2011 e 2015, a atualização dos valores da obra levaria a uma acréscimo de R$ 50 milhões no orçamento original —maior do que seria   ... 

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